O confuso Silas Malafaia e sua crítica à Marina Silva

por Gustavo Guilherme

Me alegrei dia desses em ouvir uma palavra sábia de um pastor presbiteriano, que não citou nomes de candidatos ou partidos, preferindo incentivar o povo a um voto consciente e particular, ensinando sobre ética pastoral nas eleições. Dias depois, me deparo com a notícia de que um dos líderes evangélicos mais conhecidos do Brasil fez exatamente o contrário de tudo o que ouvi do desconhecido líder presbiterano.

Silas Malafaia, pastor da Assembléia de Deus (denominação da qual fiz parte por 7 anos), declarou em artigo divulgado nesta terça-feira que não mais votará emMarina Silva (PV), que é evangélica, para presidente da República. Segundo ele, as posturas pessoais de Marina sobre assuntos polêmicos deveriam ser mais corajosas e coerentes com os princípios que ela defende.

No tal artigo, Malafaia começa chamando a candidata do Partido Verde de “cristã dissimulada” , e diz que Marina deveria ter assumido uma postura direta, e dizer logo que era contra o aborto (por exemplo), ao invés de propor um debate democrático, um plebiscito, sobre um assunto tão polêmico.

O que o Mala não disse, é que Marina Silva declarou abertamente, e diversas vezes, que era contra o aborto, contra a legalização da maconha e contra o casamento homossexual. No entanto, Marina sempre disse, diversas vezes, que não quer impor suas convicções religiosas às pessoas.

O que me parece é que Malafaia prefere uma ditadura à democracia.

Ao final de seu (triste) texto, o pastor ainda afirma que votará em José Serra (o mesmo que assinou embaixo a Lei do Aborto quando era ministro no governo FHC), que já declarou aprovar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e que estes possam adotar crianças. Ora, se outrora Malafaia dava as caras em programas polêmicos como o Programa do Ratinho só para bater boca contra este mesmo assunto, o que foi que aconteceu? Será que ele mudou de opinião? Ou será que existem outra$ motivaçõe$ por trá$ di$$o tudo?

O canditado do PSDB, que declarou que não vai mudar uma vírgula sequer da atual lei relacionada ao aborto, ganhou um eleitor e, possivelmente, vários outros que, ao invés de analisarem as propostas com cuidado, preferem embarcar na opinião alheia.

Malafaia, não por ser um pastor reconhecido, mas por se declarar cristão, deveria educar seus espectadores ao exercício do voto consciente ao invés de declarar a todos o voto, como se seu pensamento fosse o único certo e suas idéias fossem soberanas e intocáveis!

Afinal, qual é o verdadeiro papel do cristão? Impor sua crença guela abaixo dos outros? Nosso papel não seria, antes, combater qualquer tipo de opressão? Não é aos oprimidos a quem Jesus estende a mão e a quem convida para viverem livres de quaisquer correntes que lhes oprimam? Fomos chamados para, em meio a uma democracia, fincar uma bandeira e nos chamar de donos um país inteiro só porque somos cristãos? O que diz a Bíblia, nosso manual de fé e prática; que devemos cortar os pulsos de quem não concorda com a nossa fé?

Eu, Gustavo Guilherme, evangélico e apaixonado pela vida, não sou a favor do aborto, mas aplaudiria de pé um presidente (independente de quem fosse ele ou ela) que ousasse propor um plebiscito para decidir um tema tão difícil de lidar.

Isso, Sr. Malafaia, é democracia.

by GG

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Sinceramente não sei se um plebiscito é o correto, talvez a Marina precisasse de fato de posições mais firmes com relação a isso.

O que não concordo é com esse sementeiro fazendo meninice na cabeça das pessoas. Apóia candidatos publicamente sem saber no que eles creêm e defendem e depois vem meter a boca?

Aliás, que autoridade Silas tem pra qualquer coisa? Dissimulação é vender a fé pela TV.