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sexta-feira, novembro 26, 2010

Pensando como ovelha



por Matheus Soares

Como está escrito: "Por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como ovelhas destinadas ao matadouro"
Romanos 8:36

Aonde estão aqueles que enfrentam a morte todos os dias por amor a Deus? Talvez nos países da janela 10-40 encontremos missionários que vivam essa verdade, nos países da África e da Ásia, quem sabe. O fato é que a morte para a humanidade é o maior sinal de derrota, o fim, a desesperança.

Mas para Deus a morte é preciosa, pois nem a seu próprio Filho poupou da morte e a morte do Primogênito de Deus significou vida para muitos outros que tornaram-se também seus filhos. A morte para Deus é sinal de vitória, porque Cristo venceu a morte na cruz, desbancou o maligno de seu trono, pisou em sua cabeça e colocou-o debaixo de seus pés.

A vitória através da morte conquistada por Cristo continua verdadeira e atual, por isso é mais do que importante que morramos todos os dias para que juntamente com Ele triunfemos sobre o pecado e o diabo.

As ovelhas de Deus não sentem-se mais no matadouro, sentimo-nos mais numa colônia de férias do que enfrentando os lobos devoradores todos os dias, e enquanto não pensarmos como ovelhas não poderemos desfrutar dos cuidados do sumo Pastor, que deseja levar-nos às verdes pastagens e às águas tranquilas.

Ovelhas que reconhecem a voz de seu Pastor, ovelhas que estão todos os dias entregues ao matadouro, ovelhas que fogem dos lobos.

Que possamos ter a mentalidade da ovelha, mansa e humilde. Morrendo com Cristo todos os dias, para desfrutar da vida eterna.

quinta-feira, novembro 25, 2010

Distantes do Trono



por Matheus Soares

Não é de hoje que um dos grupos mais aclamados no meio gospel tem se distanciado do Trono de Deus e das sãs palavras do Evangelho da cruz. O grupo musical "Diante do Trono" representado por sua líder Ana Paula Valadão é uma das referências no meio evangélico quando tratamos de música, e não é a toa, quatro dos seus cd's já venderam cada um mais de um milhão de cópias. Programas televisivos de grande audiência já abriram suas portas para a estridente cantora, até mesmo a satânica (para alguns) Rede Globo de televisão.

Para alguns amigos, cristãos e conhecedores do meio musical, é inegável que no príncipio da carreira o grupo despontou com canções espirituais embasadas em conceitos bíblicos. Foi um tempo onde houve, de fato, um grande impacto de adoração para os evangélicos. Músicas sendo tocadas em todas as igrejas, e ministras de louvor tentando imitar até mesmo a voz de Ana Paula.

Mas, infelizmente, o pensamento megalomaníaco dessa geração arraigou-se nesse grupo musical. Congressos e shows cada vez maiores, multidões incontáveis, e agora até cruzeiros em transatlânticos são alvos das ambições do grupo.

O leão, a pastora e o guarda-roupa(*)
Há alguns anos atrás essa "ministração" onde Ana Paula anda de quatro no palco simulando um leão caiu como uma bomba na internet e nos meios de comunicação. Discussões ferrenhas da validade do momento de "adoração" e representação foram levantadas, argumentos fervorosos lotaram fórums e blogs. Fato é que a partir dali começariam uma série de atos "extravagantes" da líder e mentora do "Diante do Trono". A cena da representação do leão seria cômica se não fosse totalmente trágica, onde tenta-se atribuir ao Espírito Santo de Deus um ato tão degradante quanto uma pessoa andando de quatro. Aqueles que tem um mínimo conhecimento das religiões afro-brasileiras identificarão que esse tipo de humilhação acontece apenas com possessões demoníacas, onde a criação de Deus é submetida a atos vergonhosos para deleite do inimigo de nossas almas.

Exu boiadeiro
Tem sido comum a pastora utilizar acessórios e/ou roupas que demonstrem autoridade ou algum princípio "espiritual". Alguns dos itens referenciados por ela: Cinto com cara de autoridade, brincos de isral, anel com pedra de ametista. Mas o ápice foi a instrução "divina" a respeito das botas de couro de cobra Python que ela teria que usar numa "ministração" em Barretos, para assim expulsar o demônio "Exu boiadeiro" que segundo ela reina nas cidades onde acontecem rodeios. De fato, Ana Paula valoriza muito a simbologia das coisas, tanto é que em determinado momento presenteou seu pai com um leão de madeira que "ministrava só de olhar" para ele. Nada mais místico e propenso aos brasileiros do que criar coisas palpáveis para uma fé frágil e desprovida de entendimento.

O Titanic gospel
E como os grandes "ministérios" evangélicos vivem de novidades, uma das mais novas no meio evangélico são os cruzeiros em transatlânticos luxuosos, onde pessoas de alto poder aquisitivo podem adorar ao seu deus e de quebra desfrutar das benésses que seu dinheiro pode proporcionar. É pecado pregar para os ricos? De maneira nenhuma, Jesus o fez com muita ousadia em seu tempo. Quem aqui não se lembra do jovem rico? Ou então de Zaqueu, que restituiu quem ele havia roubado. Ou então as palavras de Jesus dizendo que é muito difícil que um rico entre no reino dos céus. Ou mesmo quando Nosso Senhor diz que não devemos acumular tesouros nessa terra, mas nos céus. Quiseramos nós que houvesse em Ana Paula o mesmo anseio de pregar uma vida desprendida das riquezas como houve em Pedro Valdo e os Valdenses na época da reforma. Desnecessário comentar o quanto os evangélicos prezam pessoas ricas, dando-lhes os melhores assentos e acesso irrestrito aos ícones evangelicais.

Há um bálsamo em Gileade
E a fantástica idéia, obviamente vinda de mais uma mensagem "divina", qual é? Fazer uma mega unção nos mares, despejar barris de óleo por onde passarem para declarar que os mares são do Senhor. Depois de expulsar o Exu boiadeiro, nada mais óbvio do que partir contra Iemanjá.

"Seus bobinhos! Seus bobinhos! Unjam os mares! As praias são minhas! As praias são minhas!"
Sinceramente, não consigo imaginar Deus com um acesso histérico como esse, mas segundo a nossa heroína Ana Paula Valadão essa foi a mensagem recebida de Deus, que embasou sua empreitada nos cruzeiros luxuosos, dando autoridade(?) para consagrar mares e praias. Aliás, eu gostaria de saber como ela pretende atracar um transatlântico numa praia para fazer os tais cultos que ela deseja ano que vem. Isso sim só pode ser com milagre divino.

Distantes do Trono
Essa frase da excelente música do João Alexandre ilustra bem o momento em que vivemos. Atos proféticos, adorações extravagantes, novas unções, é ilimitada a imaginação dos líderes evangélicos quando se trata de criar coisas para atrair cada vez mais pessoas. Tudo sempre pautado em suas experiências e revelações divinas individuais. Quando alguém questiona os atos sendo feitos sempre a justificativa é uma direção divina especial, algo que Deus revelou exclusivamente para a pessoa em questão.

É interessante, e ao mesmo tempo triste, notar que qualquer embasamento bíblico contrário é colocado como abaixo da instrução "divina" recebida. Ora, não é justamente esse tipo de coisa que se questiona nas seitas e no catolicismo? O poder dos profetas e papa que vão além do que está nas Escrituras? Não é esse mesmo tipo de loucura que condenamos em Ellen White, a apóstola dos adventistas? Porque os líderes evangélicos teriam carta branca para usar uma instrução supostamente divina para contrariar os preceitos bíblicos?

Será que é realmente proibido pensar? Não, não podemos nos calar ante a feitiçaria gospel dos nossos dias. Não podemos ficar inertes quando vemos líderes cegos conduzindo outros cegos para o abismo. Não podemos permitir que os valores da Palavra de Deus sejam negociados por qualquer alívio de consciência que usem como palavras divinamente inspiradas.

Não estou aqui questionando as motivações de Ana Paula Valadão ou do seu grupo Diante do Trono, mesmo porque a intenção nada vale se não for acompanhada de atos corretos. Tiago nos alerta em sua epístola que precisamos mostrar nossa fé com atos e ações que glorifiquem a Deus. Intenções boas com execuções ruins não podem ser consideradas incriticáveis em nenhuma instância da fé cristã, porque isso pode conduzir muitas pessoas para um caminho errado e enganoso.

Não podemos mais deixar que as pessoas coloquem palavras tolas na boca de Deus, nem que atribuam atos vergonhosos ao Espírito Santo. Os profetas que precisamos não são aqueles que amam estar no meio do poder e da riqueza, nem aqueles que andam com latas de óleo de unção para lambuzar carros, praias ou mares, precisamos sim daqueles profetas audaciosos que apontavam os erros e pecados dos reis e líderes religiosos da sua época.

Infelizmente esse tipo de profeta está cada vez mais escasso.


* Título utilizado em alguns posts no Pavablog referente ao episódio de Anápolis onde Ana Paula Valadão anda de quatro no palco simulando um leão.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Ativista gay: Igrejas têm mãos sujas de sangue



por Ana Cláudia Barros


O espancamento de homossexuais por jovens de classe média alta na Avenida Paulista e a tentativa de homicídio contra um rapaz de 19 anos após a Parada Gay na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, ambos ocorridos no último fim de semana, são, na opinião do antropólogo e historiador Luiz Mott, resultado da intolerância, reforçada por um discurso fundamentalista religioso.
"A maior visibilidade e a conquista de espaços públicos por parte de homossexuais provocam a ira dos mais intolerantes, que estavam acostumados a um complô do silêncio", afirma, completando:
- As igrejas cristãs, em geral, têm as mãos sujas de sangue, pela intolerância que divulgam nos púlpitos e nas televisões. Elas fornecem munição ideológica para aqueles que têm ódio de homossexuais, fazendo com que esse ódio aumente. Vai chegar uma época em que o papa e essas igrejas vão pedir desculpas de joelhos aos homossexuais, como a igreja já pediu desculpas aos judeus, negros e índios.
Para Mott, que é fundador do Grupo Gay da Bahia (GGB), o País trata a questão da homossexualidade de forma contraditória:
- O Brasil tem um lado cor de rosa, que é representado pelas paradas gays, tem mais de 200 paradas e a maior parada gay do mundo; tem a maior associação LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) da América Latina; tem o Programa Brasil Sem Homofobia, ou seja, conquistou muitos avanços, mas tem um lado vermelho sangue. O Brasil é o país líder em assassinatos de homossexuais. Não é o país mais homofóbico do mundo, porque não temos leis, como no Egito ou no Iraque, onde os homossexuais podem ser executados, mas, a cada dois dias, um gay, uma travesti ou, em número muito menor, uma lésbica é vítima de crimes de ódio. São crimes praticados com requintes de crueldade.
Confira a entrevista.
Terra Magazine - No último fim de semana, houve episódios de violência contra homossexuais, tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo...
Luiz Mott - E acrescente três travestis assassinadas no Paraná, também no último fim de semana. A bruxa está solta. A maior visibilidade e a conquista de espaços públicos por parte de homossexuais provocam a ira dos mais intolerantes, que estavam acostumados a um complô do silêncio. Os próprios homossexuais não se expunham para evitar situações de risco. Há anos, na Bahia, quando passavam um gay e os machistas percebiam, eles gritavam: 'Tchibum'. Como dizendo: 'Ali passa o veado, vamos caçar o veado'. Era uma forma de desmascarar.
Hoje, as pessoas partem para a agressão física, como aconteceu (em 2000) com o Edson Neri, na Praça da República (São Paulo), que foi o caso mais emblemático. Ele foi trucidado por um bando de carecas neonazistas. Acho que essa visibilidade incomoda. Há também a intolerância religiosa, que continua pregando como nunca, a ponto do (pastor Silas) Malafaia colocar cartazes na rua, dizendo que Deus criou o homem e a mulher, ou seja, a homossexualidade é uma aberração, um pecado.Tem essas duas coisas, a visibilidade que provoca a intolerância, que é reforçada por um discurso fundamentalista. 
O Brasil tem um lado cor de rosa, que é representado pelas paradas gays, tem mais de 200 paradas e a maior parada gay do mundo; tem a maior associação LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais) da América Latina; tem o Programa Brasil Sem Homofobia, ou seja, conquistou muitos avanços, mas tem um lado vermelho sangue. O Brasil é o país líder em assassinatos de homossexuais. Não é o país mais homofóbico do mundo, porque não temos leis, como no Egito ou no Iraque, onde os homossexuais podem ser executados, mas, a cada dois dias, um gay, uma travesti ou, em número muito menor, uma lésbica é vítima de crimes de ódio. São crimes praticados com requintes de crueldade.

A principal justificativa desses assassinatos é o preconceito, a aversão aos homossexuais?
Sim. São crimes em que a vulnerabilidade da vítima é fator fundamental. O assassino parte do pressuposto ou que o gay é frágil, efeminado, não vai reagir, é presa fácil ou que ele não vai ter o apoio dos vizinhos, do zelador do prédio, porque os gays são pessoas, muitas vezes, odiadas. Há casos em que o gay gritou pedindo socorro e a vizinha não foi porque teve medo ou porque não tinha nenhuma solidariedade. 
Há ainda outro fator, que chamamos de homofobia cultural. Por que a travesti está fazendo pista (se prostituindo) e, muitas vezes, está envolvida no crack? Porque ela foi jogada, foi expulsa para a margem da sociedade. Então, mesmo nos crimes em que há envolvimento com droga ou nos casos de latrocínio praticado por rapazes de programa, que transam com o gay e depois matam e roubam a vítima, a homofobia cultural está presente. Partiu-se do princípio de que veado tem mais é que morrer.

Você apontou os paradoxos que há no Brasil (o cor de rosa e o vermelho sangue). Há uma falsa tolerância? 
Na verdade, há essa contradição. Os estrangeiros costumam dizer que, na América Latina, não há lugar mais fácil para paquerar, transar com homens gays, bissexuais do que no Brasil. Ao mesmo tempo, é um País que tem esse componente de agressividade letal. Em 2009, foram 198 assassinatos documentados. Em 2010, até ontem, eram 175 assassinatos. A tendência é que feche o ano ou no mesmo número ou em número maior. A média (sobre vítimas) geralmente é de 70% de gays, 27% de travestis e 3% de lésbicas.

Como essa contradição pode ser explicada?
Considero que o machismo brasileiro e o latino-americano tem raiz histórica no escravismo. Os brancos machos, donos do poder, eram menos de 20% da população. Então, para manter os outros 80% da população submissos, explorados, o macho latino-americano tinha que ser super violento e viril. Qualquer efeminação, medo podiam representar uma possibilidade de os oprimidos tomarem conta. Então, acho que essa violência contra homossexual é uma forma de afirmação da masculinidade. A homofobia e os crimes de morte têm a ver com uma afirmação do machismo, da virilidade e com a ideia de, sobretudo quando o gay é assassinado por rapaz de programa, uma questão de classe.
Há pesquisas que mostram que as pessoas de classes sociais mais baixas são mais homofóbicas, mais intolerantes, mais conservadoras.

Mas o ataque, por exemplo, aos jovens gays na Avenida Paulista foi promovido por estudantes de classe média alta.
Primeiro, tem que ver se é mesmo classe média alta ou simplesmente de classe média. A homofobia está presente em todas as classes sociais, inclusive na classe alta, embora seja predominante nos extratos mais baixos.

A universidade Mackenzie publicou em seu site um manifesto contra a lei que crimiminaliza a homofobia. O que você achou da iniciativa?
Desde o tempo em que eu era estudante da Faculdade Maria Antônia (USP), em frente ao Mackenzie, havia guerras campais. A Maria Antônia era reduto dos comunistas. Eles (Mackenzie) sempre foram reacionários, extremamente conservadores. Eu me admiro porque a intolerância tem sido maior nas igrejas penteconstais, que não são as igrejas protestantes históricas. E eles são presbiterianos, que é uma igreja histórica que, nos Estados Unidos, tem um posicionamento muito mais favorável. Há pastores gays assumidos no presbiterianismo, inclusive no Brasil. Foi muito chocante uma igreja mais aberta, como a presbiteriana, e pelo fato de ser em uma universidade, um lugar onde se deve ensinar a ciência, e não o criacionismo. É uma inversão. A universidade virou um púlpito, mais intolerante do que as próprias igrejas pentecostais, Universal, Assembleia de Deus, que têm como líderes Malafaia, (Marcelo) Crivella e Magno Malta, que são nossos maiores inimigos.

Para você, um posicionamento mais radical em relação à homossexualidade colabora para a ocorrência de crimes contra homossexuais?
Com certeza. As igrejas cristãs, em geral, têm as mãos sujas de sangue, pela intolerância que divulgam nos púlpitos e nas televisões. Elas fornecem munição ideológica para aqueles que têm ódio de homossexuais, fazendo com que esse ódio aumente. Vai chegar uma época em que o papa e essas igrejas vão pedir desculpas de joelhos aos homossexuais, como a igreja já pediu desculpas aos judeus, negros e índios. 
Particularmente, esse papa Bento XVI se distinguiu, desde quando era assessor de João Paulo II, como sendo o mais intolerante dos papas dos últimos séculos. Ele disse: 'O homossexualismo (usando o termo patológico) é intrinsecamente mau'. Então, a partir daí é que as igrejas protestantes, inclusive muçulmanos, impediram que na Organização das Nações Unidas seja incluída a orientação sexual como direito humano fundamental.

Há muita resistência para aprovação do PLC (Projeto de Lei da Câmara) 122. Você acredita que a lei que criminaliza a homofobia vai ser aprovada? Qual sua expectativa?
Faltou vontade política ao Lula. Ele poderia ter pressionado a bancada aliada para que votasse. Há mais de uma dezena de leis no Congresso Nacional dentro da agenda LGBT e nenhuma foi aprovada. Como a Dilma vai ter maioria nas duas Casas, vamos pressionar ao máximo para que ela mobilize seus aliados. 
A senadora eleita Marta Suplicy disse textualmente que a situação dos homossexuais no Brasil piorou. O número de assassinatos aumentou, nenhuma lei foi aprovada e nossos vizinhos conquistaram mais direitos, como a Argentina, que tem o casamento gay. Até o Chile e o Uruguai tiveram legislações contra a homofobia aprovadas, de modo que, infelizmente, na última década, eu digo: Se ficar, a Aids pega, se correr o homófobo mata. Para os homens heterossexuais, a Aids representa 0,8% de infecção. Entre os gays é de 11%. Infelizmente, a esperança de vida para os homossexuais nos últimos anos piorou, diminuiu. É preciso políticas efetivas. Não há nenhum governo que tenha feito tanta mobilização, programas, conferências, coordernadorias, mas nada sai do papel.

Você acha que se o PLC 122 fosse aprovado inibiria de fato a violência contra homossexuais ou seria uma lei inócua? 
Há mais de 20 anos que o Grupo Gay da Bahia pleiteia a equiparação da homofobia ao racismo. Bastava para nós que os mesmos insultos, agressões, discriminações que são categorizados, no caso do racismo, como crime inafiançável, que fossem na mesma extensão para os delitos em relação à orientação sexual. Porém, esse projeto de lei, da Iara Bernardi (PT), que é a autora original do projeto, foi muito detalhado. Inclusive, como aconteceu com a lei de Juiz de Fora (Lei Municipal nº 9791, conhecida por 'Lei rosa'), permitindo afeto em público por homossexuais... 
Não tinha necessidade de colocar isso no PLC 122, porque o que não é proibido é permitido. É isso que tem atraído a ira dos evangélicos. Eles acham que os gays vão se beijar e transar dentro da igreja. Acho que o projeto de lei é importante porque tipifica os delitos de homofobia e, sendo aprovado, vai inibir a prática da homofobia no dia-a-dia, mas não tem nada sobre a violência letal. Falta no projeto uma explicitação sobre isso. 
A aprovação é fundamental, sobretudo, para marcar a presença de 10% da população brasileira constituída por LGBTs, que vão ter o mínimo de proteção legal. Na Constituição de 1988, não incluiu a proibição de discriminar por orientação sexual e isso permite que juizes, delegados, policiais digam que discriminar gay não é crime. Em outros países há leis severas contra a homofobia.

Fonte Terra

sexta-feira, novembro 12, 2010

SBT confirma que negocia venda de horário para evangélicos



Ricardo Feltrin

Colunista do UOL

  • O empresário e apresentador Silvio Santos, quando esteve no Palácio do Planalto, em Brasília (22.out.2010)

    O empresário e apresentador Silvio Santos, quando esteve no Palácio do Planalto, em Brasília (22.out.2010)

O escândalo financeiro de cerca de R$ 2,5 bilhões que envolve o Grupo Silvio Santos fez com que o SBT abrisse negociação para venda de horário para igrejas evangélicas. Três igrejas fizeram ofertas nas últimas 48 horas para comprar fatias ou mesmo toda a madrugada do SBT. São elas: o Ministério Silas Malafaia, a Igreja Internacional da Graça e a Igreja Universal.

Por meio de sua assessoria, a emissora confirmou negociações, recusou-se a dizer nomes, mas disse que "não são novas as ofertas de igrejas que querem comprar horas da madrugada". O SBT acrescentou que, "até o momento, nenhuma proposta interessou".

Depois de se reunir com o pastor Malafaia anteontem, o SBT teria recebido uma nova proposta da Internacional, de R.R.Soares, no valor de R$ 10 milhões mensais (cinco horas diárias, de segunda a domingo). Ninguém confirma.

No primeiro trimestre do ano passado, Soares já havia oferecido R$ 5 milhões por três horas, mas o SBT recusou. Soares é cunhado de Edir Macedo, que também sinalizou ontem ao Grupo SS que estará sempre disposto a comprar horários do SBT.

Pela legislação, como igreja, a Universal tem direito a comprar horário em outras emissoras --o que já faz (Gazeta, Rede TV!).

A assessoria do SBT não quis comentar as negociações e nem os valores citados acima.

Se Silvio Santos vender espaço da grade a uma igreja, seja por curto ou longo prazo, talvez melhore ou até mesmo salve as catastróficas contas do Grupo SS. Só que, nesse caso, o SBT deixará de ser a única TV aberta sem qualquer programação religiosa. O SBT é o único canal laico hoje, já que até a Globo tem a "Santa Missa" católica aos domingos.

A eventual locação da madrugada também pesará porque é o único período em que o SBT disputa ou chega ao 1º lugar no ibope com frequência. Ontem, por exemplo, entre 5h e 6h, o SBT foi líder isolado em São Paulo, com 3,7 pontos --à frente de Globo (2,9) e Record (1,7). Abrir mão disso seria acabar com um dos últimos "orgulhos" do SBT.

Por outro lado, entre 0h e 4h a audiência do SBT é fraca. O canal quase nunca sai do 3º lugar e às vezes até cai para o 4º. Seus seriados hoje perdem da programação religiosa da Record (especialmente do "Fala que eu Te Escuto"). Portanto, vender essa faixa horária (0h e 4h) não significaria grande prejuízo --do ponto de vista do ibope.

Em setembro último, conforme Ooops! revelou, Silvio revelou a um amigo que cogitava se aposentar do vídeo no final deste ano. Aos 80 anos, que se completam no próximo dia 12, Silvio se queixou de cansaço e do desgaste provocado pela guerra do ibope que enfrentou nesta década. Uma guerra que, somente desde 2007, fez o SBT perder não só a vice-liderança, mas inúmeros profissionais para a Record, da área técnica e da artística (como sua mais famosa "cria": Gugu Liberato).

Antes do escândalo financeiro estourar, Silvio pretendia passar três meses de férias em Orlando e comemorar lá seu aniversário. Talvez agora tenha de mudar seus planos.

Fonte UOL

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