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quarta-feira, agosto 26, 2009

Resíduos de um dia qualquer



Ricardo Gondim

O silêncio de minha dor é secreto. A dor do meu silêncio, ninguém conhecerá. Quero um canto, preciso me esconder. Refugo as palavras dóceis, os rasgos piedosos, os olhares bondosos. Iceberg, submergi nos abismos do inconsciente a minha imaturidade que tanto horroriza os outros. Sou ateu de Narciso. Caminho solitário por alamedas encharcadas de penumbra.

Os meus afetos se contaminaram. Estou grávido de desencanto. Adoeço com o cancro da decepção e já detecto metástase nos rins. Imobilizado por minha incapacidade de lidar com a frieza dos abandonos, sinto-me arremessado contra uma parede.

Preciso levantar-me. Não sei como, mas hei de lavar-me com os respingos de simplicidade que percebo no próximo. Negocio com a alma e repito: continue por mais um dia; só mais um. E assim, dia a dia, de mal em mal, cumpro a minha sina.

Soli Deo Gloria

http://www.ricardogondim.com.br

terça-feira, agosto 25, 2009

Com amor eterno te amei.



"Com amor eterno te amei; também com amável benignidade te atraí." Jeremias 31:3b

Sem palavras...

CRISE LITÚRGICA DO EVANGELICALISMO BRASILEIRO



As igrejas evangélicas brasileiras estão passando por uma crise litúrgica. Digo isso, em razão da minha própria experiência pessoal ao viajar pelo país nos últimos anos atendendo a convites de pregação - em raríssimas ocasiões pude participar de um culto que julgasse estar à altura da beleza do evangelho que anunciamos e da majestade do Deus a quem adoramos.

O que está errado com a nossa liturgia?

1. Pastores mal preparados teológica e intelectualmente trazem para milhares de almas ávidas pela verdade, mensagens carentes de conteúdo, desprovidas de originalidade e pobres de aplicabilidade. Um desperdício quase que sem paralelo na história do cristianismo - milhares e milhares de homens e mulheres que poderiam ter suas vidas transformadas para sempre pela pregação, perecendo sob púlpitos carentes de fogo (poder) e luz (teologia).

2. Músicos que falam mais do que o pregador, cantando canções de conteúdo fraco e melodia pobre.

3. Som excessivamente alto, acompanhado de falhas e ruídos insuportáveis.

4. Arquitetura feia, paredes descascadas, acústica péssima, iluminação de escritório (as terríveis lâmpadas fluorescentes) e muito calor. Nossos templos são um horror.

5. Muita dança, barulho, coreografia e pouca Bíblia.

6. Muita atividade humana e pouca presença divina - nossos cultos estão carentes de transcendência.

7. Culto longos - com extensão de tempo somente aprazível em períodos de avivamento e grande graça de Deus na igreja - só que não estamos passando por nenhum pentescoste e grande parte do tempo é desperdiçada em avisos longos, piadas fora de hora e homenagens a gente que ameaça sair da igreja se não for tratada com deferência..

8. Impontualidade. Tanto quanto ao início da culto quanto ao encerramento.

9. Liturgia orientada sociologicamente (leis do mercado religioso), em vez de regulada teologicamente (Deus sendo adorado de acordo com a orientação litúrgica da sua Palavra). Os bodes são entretidos e as ovelhas são subalimentadas. Idolatria não é só adorar a um Deus falso, significa também adorar ao Deus verdadeiro de modo oposto ao prescrito pela Escritura Sagrada.

10. Falta de lágrima. Não há espanto, senso de maravilha e batismo com o Espírito Santo. Em algumas igrejas, o formalismo que apaga o Espírito - o medo de avivamento e preocupação com respeitabilidade - em outras igrejas, a informalidade que melhor expressa a falta de temor de Deus do que intimidade acompanhada de grande compreensão da liberdade que temos em Cristo.

Não sei como as pessoas voltam para as suas igrejas domingo após domingo. É um mistério. O crescimento da igreja no Brasil é algo que se dá sem relação com a qualidade das nossas igrejas. Há pessoas que tenho conhecido nesses últimos dias que não consigo imaginar participando da maioria dos cultos evangélicos do nosso país. Elas nos teriam como loucos.

O propósito desse artigo não é desencorajar, pois reforma e avivamento são sempre possíveis. Podemos retornar à verdadeira doutrina que regula o verdadeiro culto cristão. Podemos voltar à verdadeira vida cristã que pode resultar do derramamento do Espírito Santo sobre a vida de vários crentes ao mesmo tempo (avivamento). Aí o culto vai ser longo e poderá até mesmo não ter hora para terminar - não porque ficamos friccionado as pedras do altar para produzirmos fogo humano, mas porque algo veio de cima para baixo e tomou a todos, enchendo-os de alegria indizível e cheia de glória.

O Espírito desse texto não é rancoroso. Quando falo de igreja que visitei, falo de gente que por me amar me convidou para pregar o evangelho. O que me traz pesar é ter que num culto em que participo abstrair-me de tudo o que está acontecendo, fazendo minha liturgia pessoal, para não perder meu tempo em reuniões que não edificam. Fico atônito por saber que, muita gente que conheço, dificilmente não se sentiria intelectualmente desrespeitada caso visitasse a maioria das nossas igrejas, pois parece que, nós pastores, julgamos que quem frequenta um culto evangélico só pode ser um idiota - caso contrário não trataríamos como tal quem visita a nossa igreja para encontrar resposta para os dramas da existência.

A reforma litúrgica das nossas igrejas é mais urgente, acima de tudo, por causa da beleza do evangelho que pregamos e majestade do Deus a quem cultuamos. Não podemos emitir uma nota dissonante em nossos cultos - por um lado afirmar que estamos ali para ouvir uma mensagem sublime e adorar um ser cujo imensidão não pode ser contida pelo céu dos céus, e, por outro lado, participarmos do culto como se estivéssemos reunidos para ouvir uma mensagem banal e adorar uma divindade qualquer do paganismo.

Por isso, a Palavra de Deus, através da pena do apóstolo Paulo, nos adverte: "Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para edificação... tudo, porém, seja feito com decência e ordem" (I Co 14: 26, 40).

Antônio Carlos Costa

Fonte: http://palavraplena.typepad.com/accosta/2009/08/crise-litúrgica.html

sexta-feira, agosto 21, 2009

Tenho nojo do mundo em que vivemos.



Às vezes me pego em devaneios, sim, imagino-me na posição do Criador, e em tal posição começo a observar a criação.

Vejo o mundo violento em que vivemos, mortes e assassinatos tão comuns que nem mais nos damos conta de tanta gente que sofre, já nos acostumamos com a maldade. Passo meus olhos sobre tantos casos de pedofilia, gente que supostamente deveria proteger os inocentes fazendo o contrário, violando e dilacerando as vidas e as almas de crianças que nunca mais serão as mesmas. Tento mirar meus olhos para nossos políticos, aqueles que deveriam representar o povo e governar em prol do povo, mas estes só conseguem olhar para seus interesses pessoas, políticos e partidários... são raros os que olham para a população. Contemplo ainda a fragilidade humana, sujeito a morte por uma gripe, pessoas sofrendo e gente perdendo entes queridos para um inimigo invisível, fruto da queda do homem.

Os cristãos brincando em seus quintais, pedindo mais brinquedos para seu papai... eles não vêm esse outro mundo. Entram em brigas por causa de ibope, vendem sua fé por um prato de lentilhas, negociam a salvação como um produto em uma prateleira. Compram jatos, helicópteros, mansões, templos suntuosos. Constroem reinos terrenos. Vendem apêndices da Palavra de Deus dando importância igual ou até maior do que as próprias Escrituras. Profanam o que é santo e santificam o que é profano.

Cegos conduzindo cegos diretamente para o precipício da perdição. Milhões celebrando um deus que não é Deus. Transformaram o pecado apenas numa aparência, cheios de não toques, não proves e não vejas, mas incapazes de perceber os abismos que verdadeiramente tragam os homens para a morte.

Ídolos, ícones, estrelas, gente venerada e adorada no meio cristão, gente que não pode-se questionar, gente que só tem a oferecer shows e espetáculos, cantados, dançados ou apenas falados. Agitam, impressionam, mas vazios do Espírito de Deus. Revelações e sandices que nada tem a ver com Deus, apenas com seus inflados egos. E o povo tratando-os como reis.

Sim, eu sinto nojo de tudo isso, eu choro tantas vezes porque dentre os pecadores eu sou o maior, sinto-me pequeno e impotente perante esse mundo desolado pelo pecado. Não consigo mais ver amor genuíno em nenhum lado. Só vejo gente amando instituições terrenas, mas negando amor ao próximo. Gente capaz de defender doutrinas humanas a unhas e dentes, mas incapaz de levantar aquele que está caído.

Sinto falta de gente que sirva de exemplo... confesso que não consigo olhar para alguém e dizer "Quero ser como esse cara!"... Fico demasiadamente triste por perceber isso.

Minha luta diária é fixar os olhos no meu Salvador, continuar a batalha pela fé, pela esperança e pelo amor.

Vejo que não consigo parar para observar o mundo como o Altíssimo... a dor é muito grande. Vejo-me incapaz. Tenho nojo de mim mesmo.

É difícil ser sal e luz nessa terra. Mas essa é a nossa missão. Que Deus nos ajude.

terça-feira, agosto 04, 2009

Apenas um eco...





Por Leonardo Gonçalves

Minha maior angustia como pregador tem sido achar um modo de traduzir um amor infinito aos corações e mentes finitos, utilizando uma linguagem finita. Antes de pregar uma mensagem, é comum ver-me chorando (não me envergonho de dizer), pois entendo a profunda solenidade daquele ato.

Tenho uma tarefa impossível, e não fosse pela maravilhosa Graça de Deus, eu jamais poderia cumprir a minha missão. Meus ouvintes são surdos, e só Deus pode destapar-lhes os ouvidos. São cegos, e não podem enxergar a verdade que lhes mostro. São nécios, e não desejam se arrepender. Estão mortos, e não se moverão a menos que Deus os levante.

Será que você entende o que é isso? Já parou para refletir um pouco sobre isso? Será que você sabe, nobre pregador, o quanto você depende de Deus? Todo teu esforço, todo teu esmero e conhecimento, toda a teologia do mundo, tudo isso é bom, mas nada disso é suficiente para convencer o pecador. Você pode gritar o quanto quiser, mas os ouvidos permanecerão surdos e os corações empedernidos até que Deus os quebrante.

Então eu clamo, me humilho, imploro por misericórdia, pois sei que só um ato soberano de Deus poderá salva-los. Eles não entendem o que eu lhes digo. Na verdade, minha mensagem soa como loucura, e o amor que eu prego, é incompreensível.

Ora, só um Deus infinito pode transmitir a ideia de um amor infinito à mentes finitas, humanas.

Separados dEle, nada podemos fazer.

E nessas horas perecebo que eu, o pregador, sou apenas um eco: O Senhor é a voz!


***
Fonte: Púlpito Cristão
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