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quarta-feira, abril 27, 2011

Deus não nos livre de um Brasil evangélico



por Robinson Cavalcanti

Uma primeira constatação é que estamos ainda distantes de ser um "país evangélico": quarenta milhões da população é formada por miseráveis; uma insegurança pública generalizada; uma educação pública de faz-de-conta; uma saúde pública caindo aos pedaços, assim como as nossas estradas, a corrupção endêmica no aparelho do Estado, o consumo da droga ascendente, prostituição, discriminação contra os negros e os indígenas, infanticídio no ventre, paradas de orgulho do pecado, uma das maiores desigualdades sociais do mundo. Uma grande distância do exemplo de vida e dos ensinamentos de Jesus de Nazaré, cujas narrativas e palavras somente conhecemos por um livro chamado de Bíblia, que o mesmo citava com frequência, e que foi organizado por uma entidade fundada pelo próprio: uma tal de Igreja. Uma grande distância da ética e da "vida abundante" apregoada pelas Boas Novas, o Evangelho.

Percebemos sinais do sagrado cristão em nossa História e em nossa Cultura, mas, no geral, ficando na superfície. Se os símbolos importassem tanto, o Rio de Janeiro, com aquela imensa estátua do Cristo Redentor, deveria ser uma antecâmara do Paraíso.

Como cidadão responsável, e como cristão, como eu gostaria que o meu País fosse marcado pela justiça, pela segurança, pela paz, fruto do impacto das Boas Novas, do Evangelho. Sinceramente, gostaria muito que tivéssemos um Brasil mais evangélico.

Fico feliz que Deus não tenha nos livrado da imigração dos protestantes alemães, suíços, japoneses, coreanos, e tantos outros. Fico feliz pelo seu trabalho e por sua fé.

Fico feliz por Deus não nos ter livrado do escocês Robert R. Kalley, médico, filantropo e pastor escocês, fugindo do cacete na Ilha da Madeira (Portugal), pioneiro da pregação do Evangelho entre nós, nos deixando as igrejas congregacionais. Ele nem era norte-americano, nem fundamentalista, pois esse movimento somente surgiria meio século depois. Eram norte-americanos, e também não-fundamentalistas os pioneiros das igrejas presbiteriana, batista, metodista e episcopal anglicana que vieram ao Brasil na segunda metade do século XIX.

Fico feliz por Deus não nos ter livrado desses teimosos colportores que varavam os nossos sertões sendo apedrejados, vendendo aquelas Bíblias "falsas", cuja leitura, ao longo do tempo, foi tirando gente da cachaça e dos prostíbulos, reduzindo os seus riscos de câncer de pulmão, cuidando melhor de sua família, como trabalhadores e cidadãos exemplares.

Fico feliz por Deus não ter nos livrado desses colégios mistos, desses colégios técnicos (agrícolas, comerciais e industriais), trazidos por esses missionários estrangeiros, em cujo espaço confessei a Jesus Cristo como meu único Senhor e Salvador. E, é claro, tem muita gente agradecendo a Deus por não nos ter livrado do voleibol e do basquetebol introduzido pioneiramente nesses colégios… nem pelo fato do apoio à Abolição da Escravatura, à República ou ao Estado Laico.

Por essas e outras razões, é que vou comemorar (com uma avaliação crítica) com gratidão, dentro de seis anos, os 500 anos da Reforma Protestante do Século XVI, corrente da Cristandade da qual sou militante de carteirinha desde os meus dezenove anos.

Essa gratidão ao Deus que não nos livrou dos protestantes de imigração e dos protestantes de missão, inclui, sinceramente, os protestantes pentecostais, herdeiros daquela igreja original, dirigida por um negro caolho (afro-descendente portador de deficiência visual parcial, na linguagem do puritanismo de esquerda, conhecido por "politicamente correto")…, mas que abalaria os alicerces religiosos do mundo. Eu mesmo sou um velho mestiço brasileiro e nordestino, e não me vejo como um ítalo-luso-afro-ameríndio de terceira idade…

Olhando para o termo "evangélico", usado sistematicamente na Inglaterra, a partir de meados do século XIX, como uma confluência da Reforma e de alguns dos seus desdobramentos, como o Confessionalismo, o Puritanismo, o Pietismo, o Avivalismo e o Movimento Missionário, com paixão missionária pelo Evangelho que transforma, dou graças a Deus que Ele não nos tenha livrado da presença dos seus seguidores e propagadores. Até porque, por muito tempo, não tivemos presença fundamentalista (no sentido posterior) e nem do liberalismo, pois esses últimos são bons de congressos e revoluções de bar, mas não muito chegados a andar de mulas por sertões nunca antes trafegados…

Minha avó é quem dizia que "toda família grande vira mundiça", se referindo ao fato de que quando qualquer instituição, grupo ou movimento social cresce, é inevitável que ao lado do crescimento do trigo haja um aumento significativo do joio. Nesse sentido, o protestantismo e o evangelicalismo brasileiro são normais (com desvios e esquisitices), mas, garanto que temos muitíssimo mais trigo (às vezes armazenados nos celeiros, quando deveriam estar sendo usados nas padarias). No meu tempo só tinha crente militante e desviado; depois apareceram os descendentes, os nominais, os de IBGE, os bissextos e os ocasionais.

No sentido histórico dou graças a Deus pelo localizado movimento fundamentalista nos Estados Unidos, em reação ao racionalismo liberal, pois também afirmo a autoridade das Sagradas Escrituras, o nascimento virginal, a cruz expiatória, o túmulo vazio e a volta do Senhor. Depois o termo foi distorcido por um movimento sectário, antiintelectual, racista, e hoje é aplicado até ao Talibã, em injustiça à proposta original

Quanto ao Tio Sam, nem todo republicano é evangélico, nem todo evangélico é republicano, embora, de época para época, haja deslocamentos religiosos-políticos naquele país. Eu mesmo não tenho muita simpatia (inclusive aqui) pelo Partido do Chá (Tea Party), pois tenho longa militância no Partido do Café e no Partido do Caldo de Cana com Pão Doce.

A Queda do Muro de Berlim assinalou o ocaso da modernidade e o início de uma ainda confusa pós-modernidade, com a mundialização da cultura anglo-saxã, no que tem de bom e no que tem de mau, mas, como nos ensina Phillip Jenkins, a Cristandade está se deslocando do hemisfério Norte para o hemisfério Sul, e, inevitavelmente, revelamos nossas imaturidades, que devem e podem ser superadas.

Agora, todo teólogo, historiador ou sociólogo da religião sérios, perceberá a inadequação do termo "protestante" ou "evangélico" (por absoluta falta de identificação caracterizadora) com o impropriamente chamado "neo-pentecostalismo", na verdade seitas para-protestantes pseudo-pentecostais (universais, internacionais, mundiais, galáxicas ou cósmicas), e que é algo perverso e desonesto interpretar e generalizar o protestantismo, e, mais ainda, o evangelicalismo brasileiro, a partir das mesmas.

O avanço do Islã e a repressão aos cristãos onde eles dominam é um "óbvio ululante", a defesa da vida em relação ao aborto, à eutanásia, aos casais que não querem ter filhos, ao homossexualismo, o atentado ao meio ambiente ("cultura da morte") é coerente com o princípio da Missão Integral da Igreja na "defesa da vida e da integridade da criação".

A identidade evangélica se faz por um rico conteúdo e não por antagonismo ou relação reativa a conjunturas.

Sabemos que o mundo jaz do maligno, que o evangelho será pregado a todo ele, mas não que todos venham a se converter, e que descendentes de cristãos nem sempre continuam nessa fé. Assim, o Brasil nunca será um País totalmente cristão, protestante ou evangélico, mas creio que será bem melhor com uma Igreja madura que, sem fugas alienantes, adesismos antiéticos ou tentações teocráticas, possa "salgar" e "iluminar" com os valores do Reino.

Para isso necessitamos (na lícita diversidade protestante quanto a aspectos secundários e periféricos) de líderes sólidos e firmes, vestindo a camisa do nosso time com entusiasmo e garra para o jogo, sem se perderem em elucubrações estéreis, de quem já perdeu a fé na Palavra, não acredita mais na Queda, nem na Redenção, nem na singularidade de Cristo, deixando uma geração órfã de heróis.

Assim, espero que Deus não nos livre dessa presença cultural transformadora; que Deus não nos livre de ser, cada vez mais, um País evangélico.

A Ele, Onipotente, Onisciente e Onipresente, Senhor do Universo e da História, com os anjos e arcanjos, coma Igreja Triunfante e a Igreja Militante, intercedendo por todos que atravessam crises espirituais, seja toda a honra e toda a glória!


Fonte Pavablog (Uma clara resposta ao texto de Ricardo Gondim "Deus nos livre de um Brasil evangélico")

Imagem retirada do blog MP Vida

segunda-feira, abril 25, 2011

Brasil é 3º país onde mais se crê em Deus, diz pesquisa



Levantamento indica que 84% dos brasileiros acreditam em "ser supremo", índice que só é menor que os de Indonésia e Turquia

BBC Brasil

O Brasil foi o terceiro país em que mais se acredita em "Deus ou em um ser supremo" em uma pesquisa conduzida em 23 países.

A pesquisa, feita pelo empresa de pesquisa de mercado Ipsos para a agência de notícias Reuters, ouviu 18.829 adultos e concluiu que 51% dos entrevistados "definitivamente acreditam em uma 'entidade divina' comparados com os 18% que não acreditam e 17% que não tem certeza".

O país onde mais se acredita na existência de Deus ou de um ser supremo é a Indonésia, com 93% dos entrevistados. A Turquia vem em segundo, com 91% dos entrevistados e o Brasil é o terceiro, com 84% dos pesquisados.

Entre todos os pesquisados, 51% também acreditam em algum tipo de vida após a morte, enquanto apenas 23% acreditam que as pessoas param de existir depois da morte e 26% "simplesmente não sabem".

Entre os 51% que acreditam em algum tipo de vida após a morte, 23% acreditam na vida após a morte, mas "não especificamente em um paraíso ou inferno", 19% acreditam "que a pessoa vai para o paraíso ou inferno", outros 7% acreditam que "basicamente na reencarnação" e 2% acreditam "no paraíso, mas não no inferno". Nesse mesmo quesito, o México vem em primeiro lugar, com 40% dos entrevistados afirmando que acreditam em uma vida após a morte, mas não em paraíso ou inferno. Em segundo está a Rússia, com 34%. O Brasil fica novamente em terceiro nesta questão, com 32% dos entrevistados.

Mas o Brasil está em segundo entre os países onde as pessoas acreditam "basicamente na reencarnação", com 12% dos entrevistados. Apenas a Hungria está à frente dos brasileiros, com 13% dos entrevistados. Em terceiro, está o México, com 11%.

Entre os que acreditam que a pessoa vai para o paraíso ou para o inferno depois da morte, o Brasil está em quinto lugar, com 28%. Em primeiro, está a Indonésia, com 62%, seguida pela África do Sul, 52%, Turquia, 52% e Estados Unidos, 41%.

Criação X evolução

As discussões entre evolucionistas e criacionistas também foram abordadas pela pesquisa do instituto Ipsos. Entre os entrevistados no mundo todo, 28% se definiram como criacionistas e acreditam que os seres humanos foram criados por uma força espiritual - ou seja, não acreditam que a origem do homem seja a evolução de outras espécies como os macacos.

Nesta categoria, o Brasil está em quinto lugar, com 47% dos entrevistados, à frente dos Estados Unidos (40%). Em primeiro lugar está a Arábia Saudita, com 75%, seguida pela Turquia, com 60%, Indonésia em terceiro (57%) e África do Sul em quarto lugar, com 56%.

Por outro lado, 41% dos entrevistados no mundo todo se consideram evolucionistas, ou seja, acreditam que os seres humanos são fruto de um lento processo de evolução a partir de espécies menos evoluídas como macacos.

Entre os evolucionistas, a Suécia está em primeiro lugar, com 68% dos entrevistados. A Alemanha vem em segundo, com 65%, seguida pela China, com 64%, e a Bélgica em quarto lugar, com 61% dos pesquisados.

Descrentes e indecisos

Entre os 18.829 adultos pesquisados no mundo todo, um total de 18% afirmam que não acreditam em "Deus, deuses, ser ou seres supremos".

No topo da lista dos descrentes está a França, com 39% dos entrevistados. A Suécia vem em segundo lugar, com 37% e a Bélgica em terceiro, com 36%. No Brasil, apenas 3% dos entrevistados declararam que não acreditam em Deus, ou deuses ou seres supremos.

A pesquisa também concluiu que 17% dos entrevistados em todo o mundo "às vezes acreditam, mas às vezes não acreditam em Deus, deuses, ser ou seres supremos". Entre estes, o Japão está em primeiro lugar, com 34%, seguido pela China, com 32% e a Coréia do Sul, também com 32%. Nesta categoria, o Brasil tem 4% dos entrevistados.

Fonte iG / Imagem extraída do site VTN Viagens

domingo, abril 17, 2011

O banquete no deserto



O primeiro mal-entendido pode nascer da opinião de que a oração é algo de alienante, que nos afasta da vida do mundo. Porém a oração se nutre de solidão, não de isolamento, e o silêncio contemplativo é denso de palavras e de presenças. Por essa razão rejeito o verbo “retirar-me”. Ao deserto não se retira, como se fosse uma concha, ao abrigo das dificuldades que são de todos. No deserto se entra, se caminha, se imerge, assumindo a história e os problemas de todos – engajando-se e lutando contra as alienações deste nosso mundo, como sempre fiz e sempre farei.

Posso dizer que até hoje tenho buscado testemunhar que a contestação não é incompatível com a oração; de agora em diante quero testemunhar que a oração é compatível com a contestação; a oração é, na verdade, a própria essência da contestação. Porém se trata de uma antítese fictícia, seja no que me diz respeito seja no que diz respeito a esses valores em si mesmos. Porque há uma contestação contemplativa, que é a própria contestação de Cristo, nos confrontos com o seu mundo e com a sua “igreja”. A oração, na realidade, é a contestação mais profunda neste nosso mundo utilitário, em que coloca em crise não só as formas de opressão em que se manifesta mas também o modelo antropológico-cultural que exprime: um modelo essencialmente utilitarista, privado daqueles espaços de fantasia, de poesia e de gratuidade sob os quais se insere precisamente a oração.
A oração é a própria essência da contestação.


Há muitos modos de se sentir e de se viver o deserto, segundo a espiritualidade de cada um. Para mim o deserto é acima de tudo o lugar feliz do encontro com Deus e com os homens. E, acima de qualquer outra coisa, quero dar testemunho daquela alegria, que ninguém pode subtrair-nos, deixada pelo senhor Jesus por ocasião da sua ceia. Trata-se de um testemunho que – embora radicado na sofrida participação dos problemas do mundo – não penso seja fora de tempo ou de lugar, mesmo sendo nossa história assim atormentada; na verdade, precisamente por essa razão. Enquanto permanecemos cozendo no fogo brando da angústia, numa complacência narcisística que revela a estagnação da história e a incapacidade de sairmos em busca de novos climas culturais, o que é necessário, mais do que um sofrimento romântico, é um sinal de alegria e de esperança que nos demonstre que, mesmo hoje, pode-se encontrar em Deus a pacificação e a harmonia do homem. É isso: meu deserto quer ser a expressão não da desolação de um mundo que se esfacela, mas o impulso, a alegria, a esperança, a harmonia – porque não, a profecia – de um mundo novo que está às portas e que será mais próximo do que aqueles “novos céu e nova terra” prometidos pelo Apocalipse: um mundo que tem necessidade de entusiasmo e de engajamento mas também de solidão e de silêncio, na medida em que esses permaneçam participativos e engajados.

Meu desejo, por fim, é de demitologizar a figura do eremita; porque acredito que a “normalidade” é um grande valor, a ser perseguido em todas as situações, e que a renúncia a modos de vida excepcionais pode ser também uma forma da pobreza e da simplicidade evangélicas. Um eremita não é um misantropo do qual ninguém pode se aproximar; não é tampouco necessariamente um recluso que não possa, de vez em quando, deslocar-se e encontrar-se com as pessoas; que não possa, acima de tudo, receber quem venha compartilhar algumas horas da sua solidão e trazer-lhe a dádiva da sua amizade; mesmo porque, na verdade, a hospitalidade tem sido sempre um dom monástico. O eremita é simplesmente alguém que escolhe viver sozinho porque na solidão tem o seu momento privilegiado de encontro.

Amigos caríssimos, isto não é uma despedida, só se for para um modo mais próximo e frequente de presença. Porém, mesmo que as ocasiões de nos vermos se tornem mais raras, levo-os todos comigo e me encontrarei com vocês cotidianamente na eucaristia: ao calar do dia, na hora inquieta e dulcíssima do encontro de Emaús, em que temeríamos a noite se o Senhor não estivesse ali, com seu pão. Nessa hora íntima da ceia vocês são todos convidados à minha mesa, e ali os encontrarei a todos, e os nomearei um a um. Vocês talvez não façam ideia do quanto deve amar os homens aquele que se dispõe a estabelecer espaços somente materiais de distância entre ele mesmo e os outros. É neste amor terno e profundo que não me despeço mas vou ao encontro de vocês e os abraço, um a um, do meu posto na solidão, habitada por Deus e por vocês.

A escritora Adriana Zarri (1919-2010), a primeira teóloga italiana,
na carta que escreveu aos amigos explicando sua decisão de adotar a vida de eremita.
De 1975 em diante Adriana viveu sozinha em casas sempre isoladas, com seu gato,
escrevendo livros e romances e recebendo ocasionalmente os amigos.
Na expectativa da própria morte, escreveu o seguinte:

«Não me vistam de negro:
é triste e fúnebre.
Não me vistam de branco:
é soberbo e retórico.
Vistam-me
de flores amarelas e vermelhas
e com asas de pássaro.
E tu, Senhor, olha para as minhas mãos:
Talvez haja uma coroa,
Talvez
tenham colocado entre elas uma cruz.
Pois erraram.
Nas mãos tenho folhas verdes
E acima da cruz
a tua ressurreição.
E sobre a tumba não me ponham mármore frio
Gravado com as mentiras de sempre
Que consolam os vivos.
Deixem só a terra:
Que escreva a primavera
Uma epígrafe de erva.
E dirá
que vivi
que aguardo
E escreverá o meu nome e o teu,
Unidos como dois botões de papoula.»

***

«Non mi vestite di nero:
è triste e funebre.
Non mi vestite di bianco:
è superbo e retorico.
Vestitemi
a fiori gialli e rossi
e con ali di uccelli.
E tu, Signore, guarda le mie mani.
Forse c’è una corona.
Forse/ci hanno messo una croce.
Hanno sbagliato.
In mano ho foglie verdi
e sulla croce,
la tua resurrezione.
E, sulla tomba,
non mi mettete marmo freddo
con sopra le solite bugie
che consolano i vivi.
Lasciate solo la terra
che scriva, a primavera,
un’epigrafe d’erba.
E dirà
che ho vissuto,
che attendo.
E scriverà il mio nome e il tuo,
uniti come due bocche di papaveri»


sexta-feira, abril 15, 2011

Viciados em apelo



por Matheus Soares

A origem do apelo após os sermões se dá basicamente no início do século 19 com os encontros campais promovidos principalmente pelos metodistas, tais encontros duravam alguns dias e serviam para a evangelização dos colonos rurais. No início a ida ao altar se dava de forma quase que espontânea, pois havia uma vontade enorme dos pecadores em se aproximar do altar de Deus. Embora tais práticas tivessem persistido de forma mais liturgia é com Charles Finney que o apelo se tornou aquilo que mais se parece com o que temos hoje, lutando contra o pensamento comum dos próprios presbiterianos, Finney achava de extrema importância esse movimento corporal para que as pessoas tomassem posição perante a Deus e em fuga do pecado. Foi muito criticado porque sua doutrina fugia dos preceitos reformados e se aproximava do livre-arbítrio, colocando nas mãos do pecador a decisão de se aproximar de Deus. Os grandes evangelistas contemporâneos utilizam-se largamente dessa prática, sendo um modelo hoje em dia os apelos de Billy Graham.*

Como uma fórmula bem sucedida o apelo hoje em dia é usado em doses cavalares, principalmente pelas igrejas pentecostais (e obviamente pelas neo também), onde não existe culto público sem apelo. Porém como tudo que é bem sucedido no meio evangélico e passa a ser regra de fé e prática, também sofre distorções, e a pior distorção feita com o apelo é que ele já não mais serve para desafiar pecadores à encontrar a Cristo, mas ele é usado para qualquer tipo de pregação, parecendo que tudo aquilo que se fala no púlpito merece um desafio ao crente se levantar da sua cadeira e "tomar uma posição perante Deus". Será que Deus apenas vê nossas posições se ficamos de pé, ou Ele não é o Deus que a bíblia afirma que sonda os corações e os pensamentos?

As desculpas para se promover um apelo são as mais variadas possíveis, algumas delas:

- "Senti de Deus..." Pronto, uma frase que não deixa espaços para argumentações ou questionamentos, em outras palavras a pessoa está dizendo que o relacionamento dela com Deus é tão superior ao seu e que ela estava tão em sintonia com o Divino que percebeu uma instrução especial, a qual você reles mortal não teve.

- "As pessoas precisam ser desafiadas." Essa é outra pinçada diretamente dos seminários de auto-ajuda, não tem absolutamente nada a ver com a Bíblia, tem a ver com palestras motivacionais e jogos psicológicos. Isto é, se a pessoa tomar coragem de levantar-se e ir a frente ela será definitivamente capaz de vencer seus problemas e desafios, ah é mesmo, com a ajuda de Deus.

- "As pessoas precisam receber uma oração e imposição de mãos." Uma das mais clichês, puxadas lá do Antigo Testamento onde os sacerdotes detinham todo o poder, remetendo até os patriarcas que tinham o poder de amaldiçoar ou abençoar. Verdade seja dita, tem gente que não fica na igreja se não receber uma mão na cabeça e uma oração especial, e os pastores atendem a essa demanda. Obviamente porque dá trabalho fazer isso no dia a dia, visitar os irmãos, orar uns pelos outros... Mais fácil fazer no atacado.

- "A mensagem que eu preguei exige uma decisão." A fé que se prega e que se vive hoje em dia é tão fraca e sem graça que a pessoa não consegue tomar decisões e chegar ao conhecimento no dia-a-dia, precisa sempre de um cabresto mostrando qual direção tomar. E muitos pastores amam ter as pessoas em suas mãos fazendo exatamente aquilo que eles mandam ao invés de discipular e ensinar pessoas que conheçam a Palavra de Deus e possam tomar decisões pautadas nisso no seu cotidiano. Ensinar é difícil.

- "Várias pessoas mudam de vida e atitudes nos apelos" Não discordo dessa afirmação, mas que fique bem claro que Deus usa a igreja APESAR da igreja. Deus não vai deixar de ouvir uma pessoa porque seu líder a está manipulando, Ele é amor. Aqui vale lembrar da máxima "Os fins justificam os meios", e do evangelho de resultados em que vivemos, se funciona é porque é de Deus. O islã é a religião que mais cresce no mundo...

Poderia aqui enumerar outras justificativas que os líderes usam, mas simplesmente é uma perda de tempo tão grande quanto os vários minutos em que somos submetidos todos os cultos em cada um dos apelos, porque por incrível que deveria parecer, há cultos com mais de um apelo, alguns chegando a três ou quatro!

A verdade nua e crua é que o apelo tornou-se uma nova velha forma de santificar o altar e o sacerdote, conceder poder aos líderes ministeriais de conceder bençãos à miserável platéia. O apelo tornou-se uma forma mesquinha de controle de audiência, porque pregação boa é aquela que todo mundo chora no apelo e mais da metade da igreja vai à frente. Não se pode mais ter um culto em que não exista um momento de petições perante Deus, onde as pessoas vão a frente não para se livrar definitivamente dos seus pecados, mas para suplicar bençãos de Deus, com uma oração "forte" daquele que ministra. Deus não é mais àquele que conhece minhas palavras antes que elas cheguem até a boca? Deus não é mais àquele que fala através do Espírito Santo através de gemidos inexprimíveis? Deus precisa que eu caminhe até um degrau abaixo de um pedaço de madeira ou acrílico para me abençoar?

Eu não sou contra os apelos, acredito que existam momentos em que isso é importante para a decisão de uma pessoa, e principalmente quando ela confessa com sua boca que Jesus Cristo ressuscitou dentre os mortos e declara ser pecadoras. Sou contra a uma geração inteira de líderes que enfraquecem os cristãos tornando-os simplesmente viciados em apelos, pessoas incapazes de dobrar seus joelhos na beira de suas camas sabendo que o mesmo Deus que ouve suas orações nos cultos dominicais está ali, vivendo em seu verdadeiro templo, que somos nós, e não móveis de alvenaria ou bancos de um edifício. Sou completamente contra esse tipo de mimo, uma oraçãozinha aqui, um óleo ali e então tudo bem.

Rogo para que os pastores de uma vez por todas se disponham a compartilhar o sacerdócio universal, transformando crentes em guerreiros de Deus, pessoas capazes de pelejar contra as portas do inferno e conhecedores das profundezas do conhecimento de Deus.

Eles acham que a pessoa vence um desafio levantando-se do seu lugar e indo até o altar para desfrutar de uma mudança instantânea, mas na verdade hoje o desafio é não ceder a esse tipo de apelo e confiar na ação contínua e transformadora do Espírito Santo de Deus.


* Fonte da origem do apelo retirado da Cristianismo Hoje através do site da IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA BETEL

sábado, abril 09, 2011

Homenagem Fausto Rocha



Diretor da Alesp traz detalhes da trajetória de Fausto Rocha




 Ex deputado Fausto Rocha faleceu na última quinta-feira, 7, em São Paulo
    Foi pubiclado, na última sexta-feira, 8, no site da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), um artigo em homenagem ao ex deputado e  comunicador evangélico Fausto Rocha, falecido na última quinta-feira, de parada cardíaca, no centro médico da Universidade de Campinas, onde se recuperava de uma cirurgia.
    Assinado pelo diretor do departamento de documentação e informação da Alesp,a dvogado e pesquisador, Antônio Sérgio Ribeiro, o texto traz uma biografia detalhada e destaca os feitos conquistados na vida política e no empreendedorismo como comunicador.
Confira na íntegra:

Morre deputado Fausto Rocha
 Antônio Sérgio Ribeiro*
    Faleceu nesta quinta-feira, 7, no centro médico da Universidade de Campinas, às 7h, de parada cardíaca, o ex-deputado Fausto Rocha. Fausto Auromir Lopes Rocha nasceu na cidade de São Paulo, em 4 de novembro de 1938, filho de Fausto Martins Rocha e de Odete Lopes dos Santos Rocha. Depois de cursar o ensino regulamentar, estudou Direito na Faculdade Vale Paraibano, em São José dos Campos, bacharelando-se na turma de 1966. Iniciou carreira profissional na televisão Tupi, canal 4, como apresentador do telejornal Imagens do Dia, ainda nos anos 60. Durante a gestão do governador Paulo Egydio Martins, 1975-1979, foi nomeado locutor oficial do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista.
    A popularização de sua imagem o levou a entrar em carreira política, quando concorreu em 15 de novembro de 1978, ao cargo de deputado estadual pela Aliança Renovadora Nacional - Arena, partido de apoio ao governo instalado no Brasil pelo movimento revolucionário de 1964, obtendo 61.691 votos, sendo o mais votado de seu partido. Assumiu seu mandato na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, em 15 de março de 1979, para a 9ª legislatura (1979-1983). Integrou como membro efetivo as comissões permanentes de Constituição e Justiça, Finanças e Orçamento, e Esportes e Turismo, e como suplente a de Promoção Social. Fez parte também da comissão especial que investigou a situação dos menores abandonados.
   Com o fim do bipartidarismo em 1978, se filiou ao Partido Democrático Social - PDS, sucessor da Arena, e também de apoio ao governo federal. Na administração de Paulo Maluf no governo paulista, 1979-1982, licenciou-se do mandato parlamentar para ocupar o cargo de secretário extraordinário da Desburocratização, entre 22 de junho de 1981 e 12 de maio de 1982.
    Nas eleições de 15 de novembro de 1982, foi reeleito deputado estadual, para a 10ª Legislatura com 71.721 votos, pelo PDS. Empossado em 15 de março de 1983, fez parte das comissões permanentes da Alesp, no período de 1983/1987: Relações do Trabalho; Cultura, Ciência e Tecnologia; e como suplente, das comissões de Assuntos Metropolitanos; Economia e Planejamento; e de Serviços e Obras Públicas.
    Pelo PDS foi eleito em 15 de novembro de 1986, a uma cadeira na Câmara dos Deputados, com 90.850 votos. Tendo assumido sua cadeira em 1º fevereiro de 1987, para a Assembleia Nacional Constituinte, sendo integrante titular da Subcomissão da Ciência e Tecnologia e da Comunicação, e da Comissão de Família, da Educação, Cultura e Esportes. Foi suplente da Subcomissão do Poder Judiciário e Ministério Público, da Comissão de Poderes e Sistema de Governo. Filiado ao Partido da Frente Liberal, PFL, fez parte do denominado Centrão, e integrou o bloco parlamentar evangélico, que era constituído de 33 parlamentares. Nas principais votações pronunciou-se favoravelmente à concessão da licença paternidade e da licença gestante, à continuidade do presidencialismo, ao mandato de cinco anos ao presidente José Sarney, e à anistia aos pequenos e médios empresários.
    Na Constituinte defendeu a criação de um conselho de ética para fiscalizar a programação de rádio e TV. O então ministro das Comunicações, Antônio Carlos Magalhães, foi favorável a sua criação, entendendo ser útil, mas que esse conselho deveria funcionar junto ao Ministério da Justiça.
    Após a promulgação da nova Carta Constitucional, em 5 de outubro de 1988, voltou a participar dos trabalhos legislativos ordinários na Câmara dos Deputados, como membro titular das Comissões de Finanças, Seguridade Social e Família.
    Filiado ao Partido da Reconstrução Nacional - PRN, agremiação que elegeu em 1989 o presidente da República Fernando Collor de Mello, no pleito de 3 outubro de 1990, foi reeleito novamente deputado federal, obtendo 60.280 votos. Foi o candidato evangélico à Câmara dos Deputados mais votado no país.
   Assumindo sua cadeira na Câmara dos Deputados, em 1º de fevereiro de 1991, tornou-se presidente do grupo parlamentar cristão do Congresso Nacional, e participou dos trabalhos legislativos integrando as comissões de Ciência e Tecnologia, e de Comunicação e Informática.
   Na sessão de 29 de setembro de 1992, votou a favor do impeachment do presidente Collor, acusado de crime de responsabilidade por ligações com o esquema de corrupção liderado pelo ex-tesoureiro de sua campanha presidencial Paulo Cesar Farias. No ano de 1993, transferiu-se para o Partido Social Democrático - PSD.
    Não de candidatou à reeleição no pleito de outubro de 1994, e ao término de seu mandato parlamentar em janeiro de 1995, passou a dedicar-se à iniciativa privada, como empresário, na área jornalística, como proprietário de uma emissora de televisão no interior de São Paulo, e no setor automobilístico, como dono de duas revendas em Campinas.
    Exerceu também as atividades de jornalista, radialista, apresentador de programas populares, e noticiários no Sistema Brasileiro de Televisão - SBT. Foi ainda professor universitário.
    Filho de evangélicos, foi líder da Igreja Batista, sendo diretor da Associação Evangélica Beneficente. Como pastor da Igreja do Nazareno Central, em Campinas, três vezes por semana ministrava os cultos. Era presidente emérito da Academia Paulista Evangélica de Letras. Foi casado com Juliana Teles Rocha, com quem teve três filhos.
    O corpo do deputado Fausto Rocha, velado no Salão dos Espelhos, da Assembleia Legislativa São Paulo, tem sepultamento marcado para esta sexta-feira, 8 de abril, às 11h, no Cemitério do Araçá.
    *Antônio Sérgio Ribeiro é advogado e pesquisador. Diretor do Departamento de Documentação e Informação da Alesp. 


Data: 9/4/2011 00:11:46
Fonte: Alesp

segunda-feira, abril 04, 2011

A religião verdadeiramente perseguida no mundo hoje é o cristianismo! Ou: de corajosos e covardes



por Reinaldo Azevedo

Os nazistas capturavam vilarejos na Segura Guerra e transformava os civis em reféns. A cada soldado alemão morto no conflito, podiam executar, sei lá, cem civis. Mas nem eles matavam pessoas sob o pretexto de que o Mein Kampf tinha sido vilipendiado… É claro que estou fazendo uma ironia macabra! É para ver se certos cérebros  ligam nem que seja no tranco! É inacreditável— ou melhor: é acreditável, mas é espantoso! — que delinqüentes intelectuais no Ocidente responsabilizem dois pastores imbecis, que queimaram um exemplar do Corão no EUA, pelos atentados terroristas no Afeganistão!

Com raras exceções, a imprensa ocidental teve a moralidade seqüestrada pela lógica do terrorismo islâmico. É um troço escandaloso! Durante a "revolução egípcia", a chamada "Primavera Árabe", que leva Arnaldo Jabor ao delírio, igrejas foram queimadas, cristãos foram assassinados pelo simples fato de… serem cristãos!, casas foram invadidas. Procurem saber o que a imprensa noticiou a respeito. Quase nada!

Atenção! Há, sim, uma religião perseguida no mundo hoje. É o cristianismo! A quase totalidade de mortes em razão de perseguição religiosa se dá contra cristãos: na Nigéria, no Sudão, na Indonésia, em quase todos os países árabes, sejam eles aliados do Ocidente ou não. Há quase dois milhões de filipinos católicos trabalhando na Arábia Saudita, fazendo o serviço que os nativos se negam a fazer. Estão proibidos de cultuar sua religião. A transgressão é considerada um crime grave. Na Nigéria, no Sudão ou na Indonésia,  não se queimam exemplares da Bíblia, não; queimam-se pessoas mesmo!

Ninguém dá a menor pelota porque, afinal, o cristianismo é considerado uma religião ocidental — o que, diga-se, chega a ser uma outra burrice histórica; está fora das "vítimas influentes". Até a minoria Bahá-í, no Irã, tem mais prestígio. Quando digo "até", não é para subestimar ninguém. A questão não é qualitativa, mas quantitativa. São milhões os cristãos submetidos ao regime de terror, sem que isso comova os "defensores da humanidade". Parece que o cristianismo não merece nem o olhar caridoso nem o militante.

Não obstante, em nome da "tolerância" religiosa, os nossos "pensadores" eximem de seus próprios crimes os facínoras afegãos que saem degolando a primeira coisa que se mova — desde que estrangeira — para protestar contra a "violação" de seu livro sagrado.

A que se deve isso? Por incrível que pareça, a esquerda antiamericana, antiocidental, vê no islamismo uma espécie de aliado, ainda que regimes fundamentalistas, ainda que os comunas sejam os primeiros a ir para a forca quando os regimes  fundamentalistas se instalam. Os esquerdistas ainda não perceberam que só a democracia ocidental, que eles adoram odiar, garante-lhes a devida segurança para que possam tentar destruir a… democracia ocidental.

De resto, detesto gente covarde! E covardes protestam contra a queima de exemplares do Corão nos Estados Unidos. Os realmente corajosos vão protestar contra a queima de Bíblias em Cabul!!!

Fonte Blog Reinaldo Azevedo (Foto acrescentada por mim, do site LayGuy)

sexta-feira, abril 01, 2011

Até 2020 foco no discipulado



Pesquisador da Sepal diz que a Igreja precisa ser relevante


O pesquisador da Sepal, Rubens Múzio provocou durante o Fórum ‘ O Brasil de 2020 com mais de 100 milhões de evangélicos’ realizado no dia 29, no Hotel Holliday Inn em São Paulo a Igreja Brasileira ao aprofundamento bíblico e  discipulado. Ele desafiou a organização de uma Igreja e que mude a cara do Brasil. “ Precisamos retornar a uma fé saudável e bíblica”

Em sua palestra o pesquisador mostrou números do crescimento e confirmou que até 2020 o número de evangélicos representará quase 50% da população. No entanto ele ressaltou que haja uma formação mais sólida deste grupo.

Muzio questionou a formação dos pastores e seminaristas quando sabatinado sobre a qualidade teológica. "“Eu percebo que cada vez mais que os alunos estão sem engajamento com a igreja local. Precisamos de seminaristas que implantem igrejas, que estejam em campos missionários e meditem na palavra.”

O especialista  salientou que no Brasil há cidades em que há 0% de evangélicos e que no Sul do país o número de Ateus/Sem Religião até 2020 deve ser igual ou superior ao número de evangélicos. “ A secularização e a colonização européia contribuem para isto”.

Por fim provocou uma reflexão e lembrou que é preciso criar frentes missionárias para alcançar estes públicos.

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