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sexta-feira, outubro 01, 2010

Jovens usam smartphones para conectar-se com suas religiões




Imagem de arquivo mostra usuários mexendo no iPhone 4; App Store, loja de aplicativos móveis da Apple, conta com programas que ajudam a viver preceitos de várias religiões

Enquanto caminha pela universidade, Natan Rolnik, 23, estudante de farmácia e programador, pega seu smartphone e usa o aplicativo Mizrach Compass para iPhone. Rolnik, que é de família judaica, volta-se para Jerusalém – o programa, a partir de sua localização, indica a direção de Israel – e recita alguns trechos da Torá, livro sagrado para os judeus. "Se não fosse a bússola [do celular], eu teria de me virar com algum mapa ou verificar em qual posição o sol se põe", disse ele que, além de usuário, oferece seus próprios programas judaicos na loja de aplicativos da Apple.

Natan Rolnik, 22, é judeu e já desenvolveu vários aplicativos sobre sua religião

Como Rolnik, há vários fiéis das mais diversas religiões que utilizam o smartphone para seguir suas crenças: seja para procurar templos próximos baseados na localização, programas específicos que lembram o horário de orações ou fazer consultas em livros sagrados.

Mohamede Jarouche, 23, que é muçulmano, consulta o Alcorão, livro sagrado para o islã, de seu iPhone. "Utilizo o Pocket Quran e o Pocket Muezzin. No primeiro, eu tenho o Alcorão totalmente em árabe e o segundo me mostra o horário das orações. Eu posso modificar a cidade que estou para ele conseguir os horários exatos das rezas que tenho que de fazer."

Ainda que o uso desse tipo de solução seja bem prática, pois não exige que que se carregue livros grandes, a penetração desse tipo de tecnologia é predominante no público jovem. "Meus avós, por exemplo, não conseguem entender como colocar o Alcorão em um lugar tão pequeno [no caso, o celular]", disse Jarouche.

Mesmo assim, ele pontua que seus pais e até mesmo um dos sheiks que conhece utiliza esse tipo de artifício para entrar em contato com a religião.

Religiões como o catolicismo e a evangélica também têm versões específicas de aplicativos. Há desde Bíblias voltadas para evangélicos a guias para rezar o rosário com a ajuda do celular.

Tiago Petrucci, 25, programador, desenvolveu oito aplicativos de cunho religioso disponíveis na App Store Ele já postou na loja da Apple títulos como o "Hinário Adventista" e "Perdão de Deus", com passagens bíblicas que mostram que "Deus ama a todos, sem exceção".

Tiago Petrucci desenvolveu aplicativos para iPhone da Bíblia e de hinários religiosos

Porém, ele acha que esse tipo de aplicativo é pouco baixado. "A Apple não fornece uma boa ferramenta de acompanhamento dos downloads, mas foram baixados pouco mais de 100 mil aplicativos gratuitos. Muito pouco se comparado ao volume de downloads realizados de outros aplicativos, como os de jogos", pontua.

Sucesso nas livrarias, publicações espíritas também são bastante procuradas na internet. Títulos como "O Evangelho Segundo o Espiritismo" e "O Livro dos Espíritos" são populares na App Store, diz o desenvolvedor Fabio Farias, que desenvolveu aplicativos com os títulos citados anteriormente e outros de temática espírita. "Até agora foram baixados algo em torno de 5 mil aplicativos entre os sete livros espíritas lançados em dois meses", comentou.

Apps para espalhar "a mensagem"
"O objetivo é espalhar o que a gente acredita", justifica o estudante Natan Rolnik que já tem nove apps na loja virtual da Apple. Segundo ele, boa parte dos downloads vêm de Israel, pois seus livros, além do português, estão em hebraico ou inglês.

Petrucci, que desenvolve aplicativos voltados para o público evangélico, concorda com Rolnik e ainda cita a importância de se ter um aplicativo na App Store. "Existem milhares de usuários no mundo do sistema móvel da Apple, o que torna grande a possibilidade de divulgação global do livro que considero sagrado [no caso a Bíblia]. Esse foi um dos motivos que fez com que eu desenvolvesse meu primeiro aplicativo". Ele mantém duas versões do programa, uma paga chamada Bíblia Sagrada BR (US$ 5) e outra gratuita com nome de Bíblia Sagrada Free. A gratuita só apresenta os livros do antigo e novo testamento, enquanto a segunda conta com diversas versões e até sugestão de programa de leitura diária.

A título de curiosidade, a Apple tem uma política de pagar para o desenvolvedor 70% do valor cobrado pelo aplicativo. Ou seja, se um programa custa US$ 10, o programador ganha US$ 7 dólares por cada download feito.

App Pirkei Avot, criado por Natan Rolnik, traz base da ética judaica

O retorno de usuários dos programas para celulares desse tipo, segundo os desenvolvedores, é o melhor possível. "Recebi o e-mail de um israelense me agradecendo, pois, após baixar o aplicativo, ele quis voltar a viver os preceitos da religião."

Com Tiago Petrucci aconteceu algo semelhante. No caso, uma brasileira que mora na Finlândia enviou um e-mail para ele, agradecendo e dizendo que não achava determinada versão brasileira da Bíblia. Mas que tinha resolvido seu problema, após baixar um aplicativo feito por ele.

Mas será que o livro acaba?
Diante das facilidades do uso do smartphone, uma possível conclusão sobre a relação entre smartphone e religião é que os livros sagrados, tais como são usados tradicionalmente, podem perder lugar para os pequenos e compactos celulares inteligentes. No entanto, os próprios desenvolvedores entrevistados rebatem o argumento.

"Acredito que as pessoas podem comprar livros para iPhone e depois ter interesse em comprar no suporte convencional , já que os aplicativos custam muito menos. Se a pessoa gostar do conteúdo pode partir para a aquisição do livro físico", disse Farias.

Para Petrucci, o papel do celular é mais complementar que substitutivo. "As pessoas que já liam a Bíblia vão continuar lendo o livro e usar o celular, quando, por exemplo, estiver em uma fila ou no transporte público. Por vários motivos, o livro continua sendo muito mais confortável de se ler, mas difícil de transportar, se comparado a um smartphone." Porém, ressalta que será difícil mudar o hábito de leitura de quem se acostumar a ler em smartphones ou tablets.

Fonte UOL

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