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domingo, outubro 03, 2010

Mitos que os evangélicos devem deixar de lado nas próximas eleições



por Daladier Lima dos Santos


1. Que ser crente é mérito para alguém ser eleito
Quando Salomão reinou em Israel a inflação chegou a níveis estratosféricos, a carga tributária afligia o povo gerando injustiças sociais, no entanto ele fora ungido por Deus e aclamado pelo povo. Sua falta de sensibilidade administrativa, aliada aos crescentes gastos públicos, tornaram inviável o reinado de seu sucessor. O fato de algum candidato ser evangélico ou gostar de evangélicos não o credencia a ser um bom vereador, deputado, prefeito, governador ou presidente. Imagine a seguinte situação: você é o dono de uma companhia que fatura 6 bilhões de reais por ano, e está precisando de um gerente administrativo para a mesma. Dois candidatos aparecem, o primeiro é evangélico, mas não tem capacitação intelectual para um cargo de tal envergadura, o segundo não é evangélico, mas seu currículo é dos melhores do mercado. Qual deles você escolheria para gerir sua empresa? Esta visão empresarial é um dos principais ingredientes que deve nortear nossas escolhas, precisamos ver o Brasil como uma imensa empresa, que fatura muito bem e pertence a todos nós, cidadãos deste País, que precisa estar nas mãos de gente competente.

2. Que um país evangélico será melhor
Esta é a pior de todas as mentiras. É claro que todos seríamos beneficiados, mas até que ponto esta unanimidade seria vantajosa? Alguém já disse toda unanimidade é burra, é dos conflitos que nascem os debates, estes geram decisões, e estas geram ações. É gozado ver como condenamos os clones, ao mesmo tempo que gostaríamos de ter um mundo de pessoas iguais. Não é apenas pelo fato de todos serem evangélicos que um país se desenvolve. Os adeptos desta idéia gostam de citar os EUA como exemplo, mas o que impulsiona verdadeiramente o crescimento verificado naquele país é a educação e o gosto pelo empreendimento. Os americanos quando chegaram ao seu país, provenientes da Inglaterra, não tinham bilhete de volta, partiram então para o tudo ou nada, ou seja, aqui terá de ser o melhor lugar do mundo. No Brasil, ao contrário, os primeiros donatários receberam de Portugal terras que sequer conheciam. Como então valorizá-las? Não custa lembrar que esta receita, misturando religião com poder, já foi tentada pela Igreja Católica, com tremendo fracasso, e hoje é tentada pelo islamismo com os mesmos problemas. Para voar é preciso resistência!

3. Que fazer cruzadas evangélicas é atribuição de candidato
Nos últimos anos pudemos assistir ao maldoso argumento de que determinado candidato estaria credenciado a ser eleito pelo fato de promover pomposas cruzadas evangelísticas. Este artifício, camuflado de comício, já deu mandatos a vários de nossos políticos, mas é uma deslavada falácia para atrair incautos. Assim como em Roma o povo se ilude facilmente: ou o pão ou o circo. Os candidatos investem em carros de som, que alardeiam seus nomes nos entremeios das cruzadas, quando não são eles mesmos os pregadores. É o evangelho a qualquer preço e de qualquer forma, uma distorção das palavras de Paulo, apoiada muitas vezes por lideranças, que produzem ninhadas políticas, se furtando à sua obrigação de esclarecer e educar politicamente seu rebanho. Que fique bem claro: cruzada evangelística é trabalho eclesiástico!

4. Que o voto deve ser dado em consonância com a liderança da igreja
Esta posição é uma verdadeira via de mão dupla. Demonstra-se união ao mesmo tempo que se inibe o pensamento crítico do povo. Aqui no Nordeste se dá o nome de curral eleitoral, um expediente feudal, utilizado pelos antigos coronéis nos estados desta região. Acostumados a mandar na opção popular, eles obrigavam o povo a votar em seus candidatos, não importando quem fossem eles. Esse expediente produz verdadeiros analfabetos políticos que não sabem quem é o candidato, não conhecem suas propostas, e não cobram as promessas de campanha (e quando o fazem, fazem em benefício próprio). Chega-se muitas vezes ao cúmulo de tentar inviabilizar campanhas de outros irmãos, que não apoiados pela liderança evangélica, passam a ser mal vistos nos púlpitos. É a famosa manipulação em seu grau mais excêntrico. Defendemos uma liderança neutra em seu discurso em prol de qualquer candidato, mas atuante na conscientização dos direitos de seus membros, cidadãos que são antes de mais nada. Ou seja, neutralidade sem omissão!

5. Que não votando em determinado candidato você não tem poder para cobrar um mandato eficiente quando ele se eleger
Os eleitos irão administrar o setor público para todos os brasileiros, quer tenham votado nele ou não. Este ou aquele deputado, por exemplo, não será o deputado dos que votaram nele, mas o deputado do estado pelo qual ele se elegeu, o vereador, por conseguinte, não será o vereador dos que o elegeram, mas o de todos os cidadãos do município. É uma obrigação beneficiar a todos! O próprio candidato utiliza este argumento para se resguardar do trabalho em prol da comunidade, em última análise ele se beneficia da ignorância da sociedade. Portanto, quer o candidato eleito seja apoiado por você, quer não, cobre dele. Ele está administrando seu dinheiro, e não apenas o dos que o elegeram!

6. Que não existem atribuições específicas de cada poder
Espera-se muitas vezes dos vereadores que calcem uma rua, que saneiem uma área, que construam um hospital ou escola. Por outro lado, espera-se do prefeito que crie uma lei que regulamente os horários de atendimento bancário, as leis de segurança coletiva, etc. Na verdade, cada poder tem sua atribuição, infelizmente na história política brasileira esta distorção se perpetua, com prejuízo para todos nós. O Legislativo cria leis, que serão cumpridas pelo Executivo. Este cumprimento será acompanhado pelo Judiciário. Freqüentemente vemos o Executivo impor suas leis, o Judiciário executar tarefas, e o Legislativo, através das já famosas CPI’s, avaliar o cumprimento de leis, inclusive fazendo trabalhos de investigação. Isso não é apenas trágico, é cômico! Cada poder no seu galho. A atribuição do Legislativo (vereadores/deputados) é criar leis que serão cumpridas pelo Executivo (prefeitos/governadores/presidentes) e fiscalizadas pelo Poder Judiciário (juízes, promotores, etc)

7. Que o voto pode ser trocado por um milheiro de telhas ou coisa que o valha
Essa troca de favores só prejudica o desenvolvimento de nossa cidadania. Todos os dias conversamos com pessoas que trocaram seu voto por um milheiro de telhas, um aterro sanitário, uma terraplanagem, um caminhão de areia e por aí vai. É preciso termos em mente, que embora o benefício seja oportuno, é altamente necessário valorizar nosso voto. É preciso dar o voto de graça, assim como de graça recebemos o direito de votar por sermos cidadãos brasileiros em idade hábil para tal. Basta-nos levar em conta os itens anteriores.
Imagine a mesma situação do item 1. Um candidato a uma vaga numa empresa, a priori, não dá nada a ninguém (principalmente para cargos mais elevados), o que conta é seu currículo, sua idoneidade, sua correição e seu histórico de confiança. No outro extremo há aqueles que votam no candidato pobre, temendo que a eleição de um rico venha a significar sangria nos cofres públicos. Está provado que candidato que rouba não possui histórico de condição social, pelo contrário, muitas vezes os candidatos pobres estão atrás de enriquecimento rápido!

8. Que o que alguém fez na vida pública é passaporte assegurado para que se vote nele
Aqui temos uma mensagem subliminar. Hoje o prefeito X aparece na TV e diz: Vejam nunca se fez isso ou aquilo, mas nós fizemos. Aqui não tinha isso, mas nós pusemos. A verdade que ninguém conta é que os prefeitos, governadores e presidentes são administradores dos nossos recursos. E eles precisam ser muito, mas muito, bem administrados. Dizer que fez isso ou aquilo (descontando a cara de pau dos que nada fizeram e ainda dizem isso) não é exatamente mérito de ninguém. O que eles ainda fazem é pouco, devem prestar contas de cada centavo!

9. Que devemos sempre escolher em quem votar
Preferi deixar por último este item porque é dos mais polêmicos. Nunca devemos votar em branco ou nulo dizem por aí (a Lei Eleitoral brasileira proíbe incentivar o voto nulo), mas um raciocínio simples nos levará à seguinte conclusão: é possível não votar. Basta não haver um candidato à altura de nossos requisitos. Em uma das empresas que trabalhei, por vários dias uma vaga de alto nível ficou sem ocupante. Motivo: não havia ninguém á altura. Quem sabe se um grande percentual de nosso eleitorado não votasse, não seria uma forma de pressão? Mas como a vaga só é preenchida de quatro em quatro anos não deixem de votar, esqueçam apenas os mitos acima!

Em tempo: eu não sou candidato, nem nunca fui, nem ninguém próximo a mim (pais, irmãos, filhos, esposa), e penso que nunca serei. Não tenho problemas com meu pastor, nem com minha igreja. Não sou filiado a nenhum partido e penso que nunca serei.

Fonte: Reflexões sobre quase tudo (via Micheline Gomes)

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