por Matheus Soares
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A corrupção está por todos os lados, desde aquele nosso amigo que falsifica um recibo para angariar um reembolso na empresa em que trabalha até os homens fortes do governo que em quatro anos conseguem a façanha de multiplicar por 20 o seu patrimônio. As palavras das Escrituras soam cada vez mais verdadeiras "Não há um justo, nem um sequer". A corrupção não é apenas essa capitalista onde o objetivo é conseguir dinheiro a qualquer custo, mas a nossa corrupção diária também é o problema da sociedade. Quando mentimos, mesmo que mentirinhas aparentemente sem nenhuma gravidade, quando nossos pensamentos são vingativos, quando nossos olhos são cobiçosos, quando nosso comportamento é lascívo. E ainda tem a corrupção oculta, que é aquela onde vemos uma possibilidade de fazer o que é certo ou algo de bom e nos omitimos, por medo, covardia ou até mesmo preguiça.
Somos assim, porque desde o Éden quando pecamos em Adão nossa natureza é maligna e caída, e se não fosse a graça de Deus operando desde antes da fundação do mundo já teríamos nos destruído a muito tempo. Até mesmo os corajosos apóstolos tiveram seus momentos de fraqueza, Pedro negando a Jesus e posteriormente dissimulando em seu comportamento quando exposto aos acusadores judeus. O apóstolo Paulo então, perseguidor da Igreja e opositor dos cristãos, mesmo após sua conversão conseguiu ter uma briga exaltada com Barnabé, homem este classificado como piedoso por causa da fraqueza de João Marcos, o mesmo Paulo que posteriormente escreve que devemos suportar os fracos em suas fraquezas.
Os cristãos hoje, digo os verdadeiros, são cobrados por um proceder santíssimo, nos moldes de Jesus, não podendo ser apanhados em falta alguma, pois se isso vem a acontecer todo seu discurso já não vale mais nada. Isso tudo porque a igreja, durante muitos anos, fez questão de criar uma aura de santidade baseada numa suposta infalibilidade dos seus fiéis, construindo uma imagem ilusória e utópica do que é ser cristão. Jesus foi em tudo perfeito, mas nunca negou sua humanidade e suas fraquezas, tanto é que para encarar o diabo no deserto jejuou 40 dias e 40 noites, também não negou sua humanidade ao clamar para o Pai "se possível afasta de mim esse cálice." e no maior dos sofrimentos clamar "Pai, porque me desamparaste?"
Se é essa a imagem que os descrentes tem sobre os crentes, pessoas santas que não podem falhar, é culpa única e exclusiva nossa, que apresentamos um evangelho baseado em falsa moralidade e desconexo com a realidade da vida. Somos e sempre seremos falíveis, somos e sempre seremos imperfeitos, somos e sempre seremos humanos. Nossa mensagem não deveria ser essa e sim uma mensagem de que temos uma esperança para esse mundo corrupto e maligno, esperança essa que queremos ver realizada primeiramente em nós mesmos.
Nós cristãos devemos, como uma obrigação, levar a esse mundo um exemplo de proceder baseado na Palavra de Deus, precisamos realmente ser sal da terra e luz do mundo, mas não podemos cair no engano de nos julgarmos ou nos mostrarmos superiores àqueles que ainda não alcançaram a graça divina. Estamos caminhando rumo ao alvo que é Cristo, mas até lá ainda padeceremos com nossa natureza pecaminosa, talvez até mesmo para nos lembrarmos que não somos deuses, somos apenas homens e mulheres que foram atraídos pela cruz de Cristo.
Não podemos mais ser a classe de pessoas que se julgam superiores ao resto da humanidade, precisamos mostrar que somos gente de carne e osso, que estamos batalhando na vida como qualquer outra pessoa, mostrar que em absolutamente nada somos melhores do que ninguém e que se temos a Cristo é pela sua infinita graça e pelo seu infindável amor.
Lutamos e batalhamos contra a corrupção, começando por aquela que está nos nossos mais profundos pensamentos.
*Imagem retirada do site Mondo Retrô
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