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domingo, dezembro 23, 2007

Nós e a manjedoura



Quando pensamos na cena do nascimento de Jesus a nossa mente é povoada pelas representações natalinas, peças teatrais, cantatas, filmes, desenhos e ilustrações. Os presépios são lindos, e eu sou um dos admiradores de tais obras de arte. Porém, se deixarmos de lado essa arte e pararmos para pensar na situação real, nos fatos daquele acontecimento, passaremos a ver a grandeza de nosso Deus.

Imagine você, sendo um pai ou uma mãe, com seu filho prestes a nascer, mas tendo a vida dele ameaçada por um governante maluco, numa época de barbáries sem tamanho, e ainda não achando um lugar adequado para que a criança nasça, nem uma maternidade como estamos acostumados, muito menos um lugar limpo. Imagine ainda que seu filho é a promessa máxima do Todo-poderoso para a humanidade, a única esperança de um povo assolado pela falta de esperança. O único lugar disponível foi uma estrebaria, isto é, um estábulo, em meio aos animais, em meio à sujeira. Não havia cama, mas apenas uma manjedoura, e a manjedoura nada mais era do que o local onde serve-se a comida para os animais, com certeza não é um lugar propício para um recém nascido.

Foi assim que o Rei do Universo habitou esse corpo mortal. Para o mundo isso é loucura, mas para nós esperança. Um rei que nasceu num curral, teve pais humildes, cresceu como carpinteiro, teve por amigos pescadores, prostitutas, mentirosos, traidores, violentos, cegos, coxos, leprosos, cobradores de impostos. Por várias vezes ele não tinha onde repousar. Viveu sendo perseguido e acusado. Sempre submeteu-se a vontade do Pai, nunca usurpou um posto que não era seu. Foi fiel até o fim, e mesmo sem pecados morreu pendurado num madeiro.

Como o Apóstolo Paulo disse, essa mensagem é loucura para o mundo, mas é preciosa para nós. Deus confundiu a sabedoria do mundo, usou as coisas loucas para mostrar seu poder e derrubou de vez todos os preconceitos da humanidade.

A imagem da manjedoura acompanhou toda a vida de Jesus, sendo este o lugar que ele ESCOLHEU nascer, para que assim mostrasse ao homem que Ele não se importa com a aparência, que Ele não liga para o conforto e que mesmo a mais inóspita manjedoura pode vir a ser o lugar onde o Salvador nasce, bem como os nossos corações, manchados e infectados pelo pecado, não tem bem próprio algum, sendo nós totalmente indignos do nascimento do Rei dos Reis, mas Ele, com seu infinito amor nos diz que nada disso importa, pois Ele mesmo escolheu habitar em nós. Através do Espírito Santo somos feitos iguais àquela manjedoura.

Deus poderia ter escolhido qualquer beleza para habitar, mas Ele nos escolheu. E quando o recebemos somos feitos semelhantes à sua imagem, e a vida devassa que vivíamos é agora uma bonita obra de arte, como as manjedouras dos presépios. Somos agora filhos de Deus, amigos Dele, irmãos do Senhor.

Que nesse natal nosso coração seja como aquela singela manjedoura de Belém. Humilde, mas aberta para acolher nosso Salvador.

Tenham um natal coberto pela maravilhosa graça de Deus.

domingo, dezembro 16, 2007

Salmo 23



O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.

Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas.

Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.

Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a minha cabeça, o meu cálice transborda.

Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.

quarta-feira, dezembro 12, 2007

O credo que creio



1. Creio em um único Deus. Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. Este Deus age através de três pessoas, compartilhando da mesma essência divina de forma tão miraculosa que minha mente humana é incapaz de compreender em sua plenitude.

2. Creio na bíblia como única regra de fé e prática - sem exceções. Repudio doutrinas estranhas a elas, mesmo que um anjo do céu as apresente. Quem prega algo além deste livro para mim é anátema.

3. Creio em Jesus Cristo, como o Filho de Deus, como pessoa da Trindade, como sendo o próprio Deus. Creio na totalidade de sua natureza divina assim como creio na totalidade da sua natureza terrena. Creio ser este um mistério também ininteligível para mim. Creio no seu nascimento de uma virgem, creio nos seus milagres, creio no seu sacrifício em meu lugar, creio na sua ressurreição, creio no seu reinado.

4. Creio na proteção divina. Enquanto estou em Cristo, sou Dele. O maligno não me toca de nenhuma forma, a não ser que o próprio Deus assim o permita como o fez com seu servo Jó. Nada pode me separar do amor de Deus. Creio que mesmo quando peco continuo sendo filho de Deus e esta condição só pode ser quebrada caso eu apostate da fé - seja por vontade própria, seja por levar uma vida pecaminosa distante da vontade de Deus.

5. Creio na provisão divina. Tudo o que tenho provém do Pai. Tendo o que comer e com o que me vestir estou contente. Não barganho com Deus. O que dou para sua obra faço de coração, não com desejo ganancioso de "colher frutos" terrenos desse ato.

6. Creio no poder e ação do Espírito Santo. Creio nos dons, sejam miraculosos ou naturais. Tudo provém da boa mão de Deus. Creio que os crentes em Cristo Jesus são os templos onde o Deus Espírito Santo habita, não em templos feitos por mãos de homens.

7. Creio na Santa Igreja Universal, que não é nenhuma denominação, mas sim constituída por todos os santos de Deus na terra, que fazem da sua vida uma oferta de louvor agradável ao Senhor, amando-O e amando seu próximo como a si mesmo. Esta Igreja é o instrumento da expansão do Reino de Deus na terra.

8. Creio, ainda, que nenhuma nação é superior a outra, isto é, Deus não considera uma ou outra melhor para fazer sua obra. Não posso conceber moveres especiais de Deus aqui e acolá. Isso é apenas soberdade de pessoas que supões que números expressam a ação divina.

9. Creio que é tarefa do cristão amar sua nação, acolher seu povo, lutar pelos que sofrem, buscar a paz.

10. Creio na vida eterna em Cristo Jesus, creio na Nova Jerusalém que descerá do céu, creio na purificação do nosso corpo e creio no julgamento divino.

segunda-feira, dezembro 10, 2007

Credo da Santa Igreja Evangélica Brasileira



1. Cremos na bíblia como única regra de fé e prática, desde que esta não conflite com as grandes revelações divinas dadas a nossos apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres, ministros de louvor e todos quantos afirmarem que receberam revelações do Senhor.

2. Cremos no grande e maravilhoso poder da oração, cremos que aquilo que determinarmos Deus torna-se obrigado a cumprir, cremos que nossa sabedoria é altamente suficiente para julgar e saber daquilo que precisamos.

3. Cremos que todo dinheiro ofertado e dizimado serve como moeda de troca para as bençãos de Deus, pois Ele é obrigado a nos abençoar em muito mais aquilo que damos. Não devemos simplesmente ofertar com o coração, mas esperando o retorno - que é certo.

4. Cremos que todo aquele que autodenomina-se evangélico faz parte da Igreja de Cristo, portanto proibimos qualquer palavra, crítica ou julgamento contra estes, mesmo que estejam errados e levando muitas pessoas ao erro - somos todos filhos de Deus.

5. Declaramos que todo apóstolo, pastor e ministro de louvor evangélico é intocável, são ungidos do Senhor, e isto significa que aquele que ousar criticá-los é amaldiçoado por Deus. Cuidado com o que fala.

6. Cremos que somos a igreja do avivamento, que há um mover profético sobre a nossa nação, apesar das práticas aparentemente estranhas àquelas ensinadas por Jesus - lembre do primeiro ponto desta declaração. Não precisamos de arrependimento, somos praticamente perfeitos.

7. Cremos que Deus cada vez mais se agrada com nossos templos suntuosos, portanto todo esforço para arrecadar verbas nesses sentido é válida. As práticas marqueteiras devem ser incentivadas. Afinal, os templos são as casas de Deus, somente lá ele se revela para nós, santos evangélicos brasileiros. As reuniões em casas ou células são apenas um instrumento para que as pessoas cheguem aos templos, afinal, isso é a igreja.

8. Cremos no poder dos atos proféticos, mesmo que pareçam estranhos em relação à Bíblia. Não tenham medo de profetizar (não importa se você tem o dom de profecia ou não). Assim como alguns parcos exemplos bíblicos do que chamamos de atos proféticos podemos fazer o mesmo. Não se preocupe em saber a vontade de Deus, lembre-se, você é quem determina.

9. Cremos nas mais variadas manifestações do Espírito Santo: falar em línguas, profetizar, cair, subir nas paredes, rastejar, estribuchar, andar em quatro patas como um leão, rir descontroladamente. O importante é o que você sente.

10. Cremos que somos a verdadeira igreja de Cristo sobre a terra. Vamos escarnecer sobre qualquer outra religião (espíritas, católicos, budistas, etc) pois estes são filhos do diabo, porém nós, em todas as nossas ramificações somos filhos de Deus.



Lembramos a todos que perseguiremos os críticos, hereges e inconformados. Proibimos que deêm voz a estes em nossos templos. É melhor que os afastem de todas atividades que exerçam. Estes só sabem nos julgar e suas discussões são infrutíferas para nossos objetivos.

Oremos para que Deus pese sua mão sobre estes que são contra nós. E como nossas orações são determinantes cremos que serão humilhados e esmagadados. Somos mais que vencedores.


É em nome daquele que deseja que sejamos reis nessa terra que proferimos estas palavras.

Amém!

segunda-feira, dezembro 03, 2007

Credo Apostólico



Creio em Deus Pai, Todo-poderoso, Criador do Céu e da terra.
Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor, o qual foi concebido por obra do Espírito Santo; nasceu da virgem Maria; padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; ressurgiu dos mortos ao terceiro dia; subiu ao Céu; está sentado à direita de Deus Pai Todo-poderoso, donde há de vir para julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na Santa Igreja Universal; na comunhão dos santos; na remissão dos pecados; na ressurreição do corpo; na vida eterna. Amém.

Aprendendo a pedir



"Se vós permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedi o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos. Como o Pai me amou, assim também eu vos amei; permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai, e permaneço no seu amor. Estas coisas vos tenho dito, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo. O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando." João 5:7-14

É normal que almejemos as bençãos de Deus, mas será que temos sido dignos de tais graças?

Esse discurso de Jesus nos ensina alguns bons princípios para isso.

- Primordialmente precisamos estar em Cristo, como ramos da Videira Verdadeira.
- Permanecer em Cristo significa conhecer e praticar suas palavras.
- Estar em Cristo glorifica ao Pai, e para glorificar ao Pai é tarefa nossa produzir bons frutos (Frutos dignos de arrependimento, frutos de justiça, fruto do Espírito e frutos da nossa evangelização).
- Em Cristo, gozamos do seu amor por nós, e para estarmos continuamente nessa condição é preciso guardar seu mandamento e seu mandamento é tão somente amá-Lo e amar ao nosso próximo. O mandamento é simples mas vivê-lo é tão difícil a ponto de ter de abrir mão da própria vida em favor de nosso próximo.
- Estando em Cristo tornamo-nos seus amigos. Quão grande dádiva podemos desfrutar! Entretanto a amizade com Deus exige que o obedeçamos.

Até que ponto nossa fé em termos nossos pedidos atendidos por Deus nos leva a viver uma vida frutífera, amorosa, obediente e transformada pelo poder do Espírito Santo?

Oremos para que o Senhor transforme o nosso querer e impulsione o nosso realizar, assim seremos a cada dia mais parecidos com Sua imagem.

sexta-feira, outubro 05, 2007

Salmo 1



Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores; antes tem seu prazer na lei do Senhor, e na sua lei medita de dia e noite.

Pois será como a árvore plantada junto às correntes de águas, a qual dá o seu fruto na estação própria, e cuja folha não cai; e tudo quanto fizer prosperará.

Não são assim os ímpios, mas são semelhantes à moinha que o vento espalha.

Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos;
porque o Senhor conhece o caminho dos justos, mas o caminho dos ímpios conduz à ruína.

Como tudo seria mais fácil...



É quase inevitável imaginar como tudo seria mais fácil se eu fizesse as coisas de forma diferente...

Se eu fosse conformado com a mediocredade...

Se eu fosse uma pessoa política...

Se eu fosse menos exigente...

Se eu fosse mais maleável...

Se eu escrevesse textos de auto-ajuda...

Se eu promovesse as coisas boas que faço (se é que as faço)...

Se eu seguisse a multidão...

Se eu falasse sempre pensando em agradar as pessoas...

Se eu fizesse joguinhos emocionais....

Se eu usasse minha influência para meu próprio benefício...

Se eu me calasse...

Se eu me amoldasse...

Porém, opera em mim algo maior, algo que me impele a ser diferente. Como alguém já disse, os maus dominam quando os justos se calam. Não posso escolher o caminho mais fácil. Isso não quer dizer que eu não erre, mas erro procurando o bem, erro justamente porque procuro evitar o erro e o engano daqueles que amo.

Pago com isso alguns preços. O preço de não agradar todo mundo, talvez até agrade apenas uma minoria, pago com noites pessimamente dormidas, pago com enfermidades oriundas de stress. Tristemente as pessoas são quase incapazes de ver isso.

Mas minha esperança e fé, miraculosamente, são fortalecidas a cada dia. Cada momento é uma experiência nova de êxtase em Deus. Suas maravilhas e seu cuidado me cercam, a ponto de ter paz no meio da guerra.

Hoje, basta-me ter a mente tranquila guardada em Cristo.

terça-feira, outubro 02, 2007

Os monges de Myanmar



"Nós não somos de nós mesmos; portanto, não façamos nosso alvo a busca daquelas coisas que nos sejam agradáveis; nós não somos de nós mesmos: portanto, até onde nos é possível, esqueçamo-nos, e as coisas que são nossas. Por outro lado, somos de Deus: portanto, que a sua sabedoria e vontade presidam sobre tudo que é nosso. Nós somos de Deus: a Ele, como único legítimo alvo, sejam dirigidas nossas vidas em todos os seus aspectos." João Calvino

Myanmar é um país pobre do Sudeste da Ásia, país este marcado em toda a sua história por guerras e banhos de sangue. A violência parece ser algo comum a história de tão sofrido país. Já enfrentaram do temido Gêngis Khan ao poderoso império britânico. Hoje é um país dominado pela amarga ditadura.

O atrativo a Myanmar foram sempre suas riquezas naturais, e por fim o cobiçado petróleo.

Nesse interim é que novamente na história os monges budistas se levantam contra o dominío totalitário e autoritário de seus governantes, incorporando em si mesmos a frase "sê como o sândalo que perfuma o machado que o fere", pois suas manifestações são pacíficas, mas mesmo assim tornam-se como ovelhas num matadouro, sendo torturados, mortos e presos.

É tempo de deixarmos de lado nossos recalques religiosos, que nos levam a desprezar tudo que é feito em outras religiões, e passarmos a olhar os seres humanos que sofrem. Se não estamos fisicamente lá, precisamos clamar para que Deus intervenha na história dessa gente sofrida, clamar para que haja paz e justiça social, clamar para que seu amor seja derramado sobre tantas vidas que diariamente convivem com o terror.

Sabemos que esse povo precisa mais do que a libertação política, a libertação que Cristo proporciona. Oremos para que Deus abra as portas à pregação do Evangelho, oremos para que Deus use seus servos nesse país, fazendo assim Seu glorioso nome conhecido. Busquemos o favor Daquele que pode todas as coisas.

Esses monges budistas parecem como pedras que clamam, num mundo depravado e corrompido, eles se levantam, com a imagem residual de Deus que resta sobre todo homem, possibilitando, que mesmo mortos em seus pecados, pessoas ainda sejam capazes de obras de justiça.

Que o Deus da paz seja o Deus do povo de Myanmar.

"Deus se compadeça de nós e nos abençoe, e faça resplandecer o seu rosto sobre nós, para que se conheça na terra o seu caminho e entre todas as nações a sua salvação." Salmo 67:1-2

Que sejamos revestidos pelo amor, que é o vínculo da perfeição.

sexta-feira, setembro 28, 2007

Não quero ser da "Geração que dança"



Tudo bem, sou um ranzinza precoce, chato, etc. Isto é fato, e não me importo com esse rótulo. :)

Mas não posso me calar quando vejo tantas e sucessivas imbecilidades em nome de Deus. Parece que vivemos num meio evangélico anestesiado, conformado e estagnado. Todo mundo aceita tudo e ninguém, ao menos, questiona o meio gospel. Vemos que tudo está no mesmo balaio, coisas boas, ruins, coisas que fazem sentido, coisas que não tem sentido nenhum.

A nova coqueluche é essa música "Geração que dança". Música gostosa para ouvir e boa para o propósito dela, dançar, balançar o esqueleto, pular. Para os jovens e adolescentes é um prato cheio, pois estes são continuamente reprimidos com regras tolas de que somente devem ouvir e apreciar coisas do mundo gospel. Tudo que é feito com o nome de Deus, por evangélicos, é bom, o resto é lixo e obra do diabo. Diante dessa repressão abriu-se um nicho de mercado, focado em criar músicas que fazem o povo pular e dançar sem culpa, sem precisar recorrer para as coisas mundanas.

E qual é o grande problema disso? Simplesmente o fato de que para encaixar essa necessidade nas músicas, a Palavra de Deus é barganhada por um mísero prato de lentilhas. Analisando o caso dessa música, gostaria de saber onde a bíblia diz que seremos a geração que dança, ou de que existe uma geração que dança... Ah, mas Davi dançou perante a Arca, Miriã dançou, fulano dançou. Tudo bem, são fatos bíblicos, o que não quer dizer que sejam regras de culto, mas que simplesmente demonstram a alegria dessas pessoas, além é claro da bagagem cultural judaica, que inclui a dança.

Meu problema não é com a dança, mas com a letra sem sentido da música. Jesus nunca disse que marcaremos uma geração com danças, nem que nossas músicas farão alguma diferença, mas que seríamos conhecidos pelo nosso amor, pela nossa misericórdia, pela nossa fidelidade, pela nossa fé. Que devíamos ser sal da terra e luz do mundo, porque através de nós seria levada a revelação de Deus aos homens. Através da igreja o mundo deveria ser guiado em justiça e retidão. Pregaríamos as palavras de arrependimento e vida eterna - isso marca uma geração.

Porém, o que vemos é que mais temos músicas parecidas com as ivetes sangalos da vida, que os "ministros de louvor" tem mais jeito de gugus e faustões do que de servos de Deus. O que vale é animar o bando.

O povo evangélico, a cada dia que passa, cria mais comichão nos ouvidos para ouvir "mestres" que falam aquilo que eles gostam, que os fazem dançar e cantar, mas que não ousam criticar o seu estilo de vida, que não falem de pecado, que não toquem na palavra arrependimento. Mas querem ser tocados em seus sentimentos, querem achar que sua euforia ou lágrimas são a presença do Espírito Santo. Não devemos nos enganar, no fim, é tudo meramente carnal.

Com tudo isso a verdadeira espiritualidade - expressa através do Fruto do Espírito, das obras de justiça, dos sinais, do testemunho cristão - vai para o ralo, escondida e acuada, não tem espaço perante a mídia evangélica que está focada nos grandes preletores e artistas musicais.

Não, eu não quero ser dessa geração que dança, pois é uma geração que está dançando perante os conglomerados comerciais do meio gospel, dança perante a omissão da Igreja nas causas sociais, dança enquanto em cada esquina uma pessoa pede esmolas, dança enquanto nos becos as mulheres se prostituem, dança ao mesmo tempo em que meninos e meninas entram para o mundo das drogas. Eles dançam para satisfazer suas vontades carnais, para divertir-se, não para servir a Deus.

Eu quero ser da geração que dá a vida pelos seus amigos - não há amor maior - da geração que alimenta os famintos, da geração que visita os enfermos e presos, da geração que demonstra o amor a Deus cuidando de seu rebanho, da geração que combate o pecado, o mundo e o diabo, não com danças e triunfalismo barato, mas com atos de amor.

Infelizmente é muito mais fácil dançar e pular dentro dos templos evangélicos do que fazer diferença num mundo caído e contaminado pelo pecado.

Este é meu apelo: Pregadores, pastores, bispos, padres, cléricos, obreiros, apóstolos, missionários, ministros de louvor, líderes, servos, parem de enganar as ovelhas de Deus! Preguem a Palavra, a tempo e fora de tempo! Preguem o arrependimento! Preguem a fé! Preguem a santidade! Componham músicas que expressem os atributos de Deus e sua imutável Palavra! Levem a mensagem do Evangelho, que é Graça sobre Graça, não leis caducas de homens! Amem a Deus, amem a si mesmos, amem ao próximo.

Jovens e adolescentes, dancem, cantem, pulem, vibrem, mas saibam que isso é bom como entretenimento, não tenham medo de apreciar a arte, seja ela evangélica ou não, mas observem tudo e retenham o que é bom. Porém, saibam que isso não é algo que vai nutrir o seu relacionamento com Deus, o que nutre esse relacionamento é jejum, oração, leitura e meditação da Palavra, fé, esperança, amor.

No lugar de "tirar os pés do chão e dançar" deveríamos nos ajoelhar e clamar pelo mundo que jaz no maligno. Deveríamos nos calçar com a preparação do Evangelho, anunciando o arrependimento e a chegada do Reino.

Que Deus nos ajude.

terça-feira, setembro 25, 2007

O porque do amor



Deus criou tudo, do nada. E criou de forma progressiva. Criou observando que o que era criado era bom, bom não para Ele, mas bom para a coroa da criação, bom para o homem. Toda a criação foi destinada às mãos do objeto do amor de Deus, o homem. Deus entrega o universo nas mãos do homem, porque Ele amou o homem. Deus não ama a criação, Deus ama o homem e porque Ele ama o homem a criação expressa o seu amor, para com o homem. A revelação de Deus passa, obrigatoriamente, pela criação, porque ela foi justamente criada com esse propósito.

A lei, os profetas, o Cristo, a Palavra, o Espírito, tudo demonstra o grande amor de Deus para conosco, a ponto de que até mesmo Seu único filho ter sido entregue por nós. A história da humanidade demonstra que desde o princípio Deus quer apenas relacionar-se de forma sadia com o homem, quer que o homem veja o seu cuidado em todas as coisas, quer que o homem confie Nele.

E porque Deus é amor, e porque ele ama o homem, tão somente ele pede a seus filhos que também amem o objeto de Seu amor, o homem. Se dissermos que O amamos devemos amar aqueles a quem ele ama. E porque para com Deus não há acepção de pessoas, devemos amar os pecadores, os soberbos, os altivos, os homicidas, os roubadores, os estupradores, os homossexuais, os bêbados, os humildes, os bons, os maus, os justos, os injustos. Porque Ele mesmo nos mandou seu filho, ainda quando éramos injustos, e Ele mesmo nos justificou. Nos mandou seu filho, quando éramos naturalmente contrários a Ele, nos tornando filhos. Nos deu o Cristo quando éramos desgraçados, mas agora alcançamos graça.

Por isso o relacionamento com Deus nada tem a ver com um sistema religioso, mas com amor. Paulo diz que podemos fazer coisas grandiosas, ter dons maravilhosos, mas se a essência não for o amor é tudo sem sentido.

Então, resta-nos a fé, a esperança e o amor, porém o maior dos três é o amor.

quinta-feira, setembro 20, 2007

Deus tem grandes coisas para ti...



Nuno Barreto

Estou um bocado cansado desta frase. É um dos chavões que é lançado ao ar sem se pensar se é verdade ou não. Suspeito que tenha origem nas modernas doutrinas da prosperidade. Na minha opinião, a frase não tem qualquer fundamento bíblico. E se Deus não tiver grandes coisas para mim? Porque não podem ser pequenas? Temos de ser todos grandes? Qual é o mal se tiver pequenas coisas para mim? Tenho menos valor por causa disso?

Depois vêm logo as respostas: Olha a vida de Moisés, Abraão, ou de David. Eles não eram nada, mas Deus tinha grandes planos para eles. OK, isso até é verdade. Mas e os outros milhões que existiram na altura de Moisés e de David? A verdade é que Moisés só havia um, para os outros não havia nenhuma expectativa de serem como Moisés. E por outro lado, se o povo judeu chegou onde chegou, não foi só por causa de Moisés, mas de todas as pessoas que compunham o povo, os que estavam em grande plano, e os que não estavam.

O problema deste tipo de bufas teológicas, é que são criadas falsas expectativas na mente das pessoas, e ainda por cima damos a imagem que a pessoa só tem valor se for como Moisés, ou David, ou outro da família deles.

Deus ama toda a criação (incluíndo animais, plantas, e até calhaus), e isso é suficiente para todos termos valor. Ninguém é menos que o outro só porque os planos de Deus para ele são diferentes dos planos para o outro. Temos de acabar de uma vez por todas com essa ilusão de que só algumas tarefas são importantes. No fim, tudo contribui para o reino de Deus.

quarta-feira, setembro 19, 2007

Por fora bela viola, por dentro pão bolorento!



"Já por carta vos escrevi que não vos comunicásseis com os que se prostituem; com isso não me referia à comunicação em geral com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevo que não vos comuniqueis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal nem sequer comais. Pois, que me importa julgar os que estão de fora? Não julgais vós os que estão de dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai esse iníquo do meio de vós." I Coríntios 5:9-13

Palavras deveras fortes do Apóstolo Paulo, que continuamente são renegadas pela Igreja. Somos, a cada dia mais, complacentes com os lobos que se infiltram no meio das ovelhas, que são cheios de palavras bonitas, cheios de dons e cheios de si mesmos. Esses que entram na casa de mulherezinhas carregadas de pecados para aumentar ainda mais sua desgraça. Os mesmos que são cheios de religiosidade, moralismo, legalismo e toda sorte de leis humanas, que sobrecarregam o povo com um peso que eles mesmos não suportam.

Cristãos medrosos que aceitam tudo porque "não devemos julgar", e dizendo que um exército não pode lutar contra ele mesmo. Esquecem-se de advertências duras e severas quanto àqueles que dissimuladamente procuram fonte de lucro na fé.

Paulo não fala para que os coríntios apenas esperem e orem, mas que tirem estes de seu meio, que nem ao mesmo assentem-se na mesma mesa.

Infelizmente chegamos a um ponto onde é dificílimo até mesmo separar os verdadeiros dos falsos, visto que as igrejas cada dia mais especializam-se em formar crentes estereotipados e não mais pessoas que sejam reconhecidas como cristãs por sua piedade, por sua fé e por sua misericórdia.

Vivemos a época das belas músicas e da hipocrisia.

Ninguém mais quer ser santo como Ele é santo, ninguém mais tem coragem de dizer "sede meus imitadores como eu sou de Cristo", ninguém mais quer ser exemplo de procedimento e se tornar padrão para os fiéis.

Tenho por certo que o amor de Deus e sua maravilhosa graça é capaz de transformar o mais pobre pecador. Sou consciente de que devo amar até mesmo os inimigos. Mas não posso fazer estas coisas e deixar as outras de lado. Tudo faz parte da palavra de Deus e eu simplesmente quero ser simples como a pomba e prudente como a serpente.

Luto contra a mentira, por amor àqueles que não merecem ser enganados.

Senhor, tenha misericórdia tanto de minha vida, quanto da vida de meus amados irmãos. Vivemos tempos difíceis. Somos assolados por todos os lados, até mesmo por perturbadores da tua santa Igreja, mas cremos na tua palavra - as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dá-me continuamente o dom de discernir os espíritos, a sabedoria e acima de tudo o amor. Que meus irmãos me imitem assim como eu imito a Cristo. Em nome de Jesus. Amém.

Teus altares



João Alexandre

Quão amáveis são os Teus tabernáculos,
Senhor dos Exércitos!
A minh'alma suspira e desfalece pelos Teus átrios!

O pardal encontrou casa,
a andorinha ninho para si...
Eu encontrei Teus altares,
Senhor Rei meu e Deus meu...

Bem-aventurados aqueles que habitam em Tua casa...
Pois um só dia, Senhor, nos Teus átrios, vale mais que mil...

Pois o Senhor é sol e escudo, dá graça e glória!
Não negará bem algum aos que vivem corretamente...

domingo, setembro 09, 2007

Santo lugar



Há de ter um lugar, onde o tempo há de parar.
Onde a paz se faz real e o irreal amor não há não.
Sei que há, pois Deus diz e eu não posso duvidar.
Mesmo que eu não possa imaginar,
Espero em ti, assim espero.

Aleluia, Aleluia, no céu eu vou morar...
Aleluia, Aleluia, pois Cristo vem me buscar.

Há de ter um lugar, onde lágrimas não rolarão,
Fracassados os dias maus da vida em caos
Jamais terei, pois.
Num lugar, santo lugar onde o inimigo ausente estará,
Face a face a Cristo verei
e muitos verão por isso eu canto.

Aleluia, Aleluia, no céu eu vou morar...
Aleluia, Aleluia, pois Cristo vem me buscar.

quinta-feira, setembro 06, 2007

Religiosidade sufocante



Domingo à noite fui religiosamente ao nosso culto, porém, senti-me estranho, demasiadamente afastado daquilo tudo. Lutei para que meus olhos não olhassem mera religiosidade. O som alto demais incomodava minha alma. A grande sequência de músicas emudeceu meu canto. As obrigações de tesoureiro consumiram boa parte de meu tempo - e paciência. Após o culto tivemos uma pequena reunião de jovens em casa, tratamos de assuntos relacionados à juventude da igreja. Me expressei, mas não me sentia no clima. Segunda-feira mais uma reunião, desta vez com líderes da igreja, algumas resoluções, mais palavras, e até que falei bastante. O restante da semana foi mórbido, muito trabalho e muito cansaço.

Deixo claro que meu compromisso com Deus e minha experiência de Deus continuam ótimas, sinto-me descobrindo os mistérios de meu Pai, e Sua alegria tem me fortalecido. O fato é que a vida religiosa tem me consumido, os compromissos, o ambiente, as pessoas, os títulos, os cargos, sinto que tudo isso desvia as pessoas da Verdade, e a mim próprio.

Aquilo que tenho visto na Palavra de Deus como vida cristã soa como uma aberração para o meio evangélico que vivo, e a cada dia que passa sinto-me mais fraco nessa luta por mudanças. Pareço um menino que sonha em ser astronauta, mas que quando cresce e enxerga a realidade cai em si. Alguns teimam em me dizer que luto por coisas que não são importantes, que minhas discussões são vãs, mas o que farei se é isto que vejo quando penso em Deus? O que farei quando a bíblia me revela coisas tão lindas e maravilhosas que não posso mais engolir a falsa espiritualidade de hoje? O que farei se meu desejo é pastorear as ovelhas de Deus, sem me preocupar com os rituais que denominações ou religiões exigem?

Tão somente almejo transmitir uma espiritualidade verdadeira, mostrar que podemos ser sinceros sobre o que somos e como vivemos nossa religião. Porém estou cercado por grades religiosas, onde os bons são aqueles que tem maravilhosos dons e chamados, que gostam de ocupar os primeiros lugares, mas que não tem idéia do que é amar. Estou cansado da soberba espiritual, da falsa modéstia, da ganância. Estou cansado das estruturas religiosas, das justificativas para baixar o padrão de evangelho.

Minha frustração é passageira, como já veio e foi outras vezes. Mas a dor é real.

Senhor, têm misericórdia de mim, pecador. Mantenha minha mente sã perante as frustrações. Minha fé está em ti, e porque o Senhor nunca se abala, ela permanece e permanecerá. Mostra-me o caminho do amor. Que eu possa te amar cuidando das Tuas ovelhas. Amém.

quarta-feira, agosto 29, 2007

Amor ao próximo ou ao ministério?



É imprescindível que um verdadeiro cristão participe dos ministérios da igreja.

Quem disse isso, o homem ou Deus?

Embora seja algo comum, e consideremos coisas louváveis dentro das nossas comunidades evangélicas, o amor aos ministérios tem se tornado o veneno da espiritualidade cristã.

Calma, explico.

As ocupações nos ministérios, muitas vezes, tem servido como alívio de consciência das pessoas em relação ao seu "compromisso" com Deus. Comparecer a uma ou duas reuniões na igreja durante a semana, participar de um ou dois ministérios, e... é isso. As justificativas são, às vezes, até louváveis. "Deus me chamou para isso", "Esse ministério leva as pessoas à presença de Deus" ou "Estamos alcançando as pessoas com esse ministério". Porém como diz o ditado, "nem tudo que reluz é ouro" e contrariando o pensamento maquiavélico de que "os fins justificam os meios" é necessário alertar a igreja sobre esse ativismo, que nada tem a ver com espiritualidade genuína, mas com um modelo de igreja que não é bíblico e está gradativamente levando as pessoas a uma robotização de comportamento.

O evangelho do Reino de Deus nunca foi relacionado a uma instituição física, mas tinha - e tem - a sua base no amor. Amor a quem? A Deus e ao próximo. Alguns afirmarão que os vários ministérios de nossas comunidades estão demonstrando o amor das pessoas. De fato, demonstram isso mesmo, mas a cada dia que passa estão mais longe do amor a Deus e ao próximo. As pessoas tem amado seus ministérios, tem amado seus dons, talentos e chamados, tem amado o sucesso que alcançam.

A constatação de que isso tem se tornado um veneno para a espiritualidade é que cada vez menos as pessoas tem dado importância para suas práticas - que deveriam ser diárias - como ler a bíblia, orar, meditar na Palavra, jejuar, mas em compensação são fiéis com seus compromissos igrejísticos. Não são poucas as pessoas, que tem atividades na igreja e com as quais já conversei, que lamentam-se de que tem encontrado dificuldade nas suas práticas devocionais. Mas apesar disso precisam mostrar-se sólidos como rocha perante os outros, acabando por exprimir uma espiritualidade que não vivem e colocando um jugo sobre as pessoas para que busquem o mesmo "brilho".

Esse amor aos ministérios tem envenenado de tal forma o cristianismo, que muitas vezes pessoas ocupam cargos e tarefas nas igrejas mas de forma alguma relacionam-se com seus irmãos. E isso acontece desde as maiores igrejas até as menores. Acabamos tornando-nos profissionais da fé. Pastores, professores, obreiros, tesoureiros, secretários, ministros, cada um com seu título, mas poucos alegrando-se com os que se alegram e chorando com os que choram. São poucos os que visitam seus irmãos informalmente, são poucos os que "perdem" horas conversando com pessoas que compartilham a mesma fé e que adoram a Deus no mesmo lugar, são pouquíssimos os que estendem a mão quando alguém está precisando. Enfim, são poucos os que verdadeiramente amam.

Não foi assim que Cristo nos ensinou, ao contrário, ele quebrou o sistema religioso caduco e arcaico dos judeus, quebrou paradigmas e preconceitos para estar próximo dos doentes, reprimiu e esbravejou contra os religiosos, anunciou a mensagem do arrependimento e do Reino. Desgastou-se ensinando num monte, na beira de um poço, num barco, nas sinagogas, nas casas, nas catacumbas. Ele verdadeiramente amou.

E esse mesmo Cristo nos ensina que não há amor maior do que dar a vida pelos seus amigos.

Precisamos acabar com o pensamento de carreira ministerial passarmos a enxergar as pessoas com a compaixão do Mestre.

sábado, agosto 25, 2007

Enquanto isso os idiotas marcham



O que uma marcha pode representar de bom? Se considerarmos a história houveram marchas pelos motivos mais absurdos possíveis. Basta lembrarmos de Hitler e a grande mobilização da Alemanha em favor do movimento nazista. O que dizer das marchas religiosas? Desde que o mundo é mundo as pessoas marcham pelos seus ideais religiosos, porém nem sempre racionalmente. As marchas religiosas muitas vezes envolveram guerra e sangue, mortes e ódio. A bíblia descreve algumas marchas, aquela feita contra o sacerdócio de Arão - quando seu bordão floresce e os que se levantaram contra são exterminados por Deus, a que foi feita pelos mesmos descendentes de Arão contra Jesus, o Cristo, as sucessivas marchas feitas contra os cristãos até o século IV, as marchas contra o domínio do catolicismo, que com a Reforma levou muitos à morte, e hoje ainda vemos marchas, algumas que servem ao propósito de dividir igrejas, como recentemente fizeram na igreja Betesda no nordeste, que externamente tinha aparência de santidade por uma sã doutrina, mas que sem dúvida ocorreu por motivos excusos de interesse político e conquista de poder, e as marchas que são ditas em nome de Jesus patrocinadas pela igreja do apóstolo e da bispa contraventores.

Isso nos leva a pensar... qual a marcha que Jesus esperaria de nós? A resposta, obviamente está na bíblia. "Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como Eu vos amei, vós também vos deveis amar uns aos outros. É por isto que todos saberão que sois Meus discípulos" (Jo 13, 34-35) e "Então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo; Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me." Mateus 25:34-36.

Certamente Jesus não espera que saiamos as ruas com faixas na cabeça, nem com gritos de ordem, nem com shows, mas sim demonstrando o amor de Deus para com todos. A fé que Deus espera do homem nunca foi apenas de aparência, mas de atos de amor. Tiago em sua epístola deixa muito clara a mensagem da fé através das obras.

A verdade é que as marchas, com objetivos distorcidos ou legítimos, sempre tem seus orquestradores, e na maioria das vezes são apenas baderneiros que querem mostrar um certo grau de poder e domínio sobre o povo, assim como o apóstolo contraventor tenta demonstrar com essas sucessivas marchas.

O mundo está sofrendo, a nação é assolada por escândalos - até mesmo dos ditos evangélicos - fome, violência, morte, corrupção.

Enquanto isso os idiotas marcham.

quinta-feira, agosto 23, 2007

Buscas



A loucura da pregação me atingiu, me afetou,
percebi que meu pensamento é mutante.
Tento definir o indefinível, tento falar o que não sei.

Corro contra a marcha,
nado contra a maré.

Deus me fez filho, abri mão dos privilégios.
Quero viver como todos vivem, nada mais.
Único privilégio que não abro mão é o da Graça.

Estou buscando a humildade,
isso é alcançável?

Sujeito-me as coisas que já não acredito, nem valorizo.
Justifico isso com o amor, acho bem justificado.
Mas daqui pra frente buscarei coisas mais superiores.

Apesar do que sinto, e penso, e vivo,
devo cumprir o objetivo da minha cruz.

segunda-feira, agosto 20, 2007

Uma releitura de Malaquias, o profeta incompreendido pela Igreja - Parte 4



Do castigo

“Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este mandamento. Se o não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bençãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração.”
Malaquias 2:1-2

Como vimos anteriormente, Deus, começa o tratamento com a nação de Israel a partir dos sacerdotes. Vimos que as ofertas e sacrifícios dos sacerdotes haviam transformado-se em atos desprezíveis perante Deus, visto que não respeitaram os estatutos e normas do Senhor com relação a aliança estabelecida com os descendentes de Levi.

Deus dá uma ordem expressa agora aos sacerdotes, que passem a honrá-Lo com seus sacrifícios e que parem de desviar o povo dos caminhos do Eterno. No verso 8 do mesmo capítulo o Senhor mostra que o pecado dos sacerdotes acaba refletindo no povo, que seguem seu mal exemplo e acabam desviando-se do Seu caminho.

Vemos no verso 7 como a tarefa de um sacerdote é de enorme responsabilidade, pois diz assim “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos Exércitos”. Que tamanha tarefa os sacerdotes tinham em mãos! Ser mensageiro do Senhor. Observamos que os sacerdotes estavam tratando esta função com desleixo perante o povo, daí a fúria do Senhor contra eles.

O castigo desses sacerdotes, caso não arrependam-se dos maus caminhos que tem trilhado, é a vergonha. Tanto eles quanto seus sacrifícios, e até mesmo sua descendência seriam feitos como excremento perante o Senhor. É, para nós, até difícil imaginar quão irado o Senhor estava com essa situação a ponto de considerar tudo quanto os sacerdotes porventura fizessem como excremento.

Porém, por amor ao seu servo Levi, que foi reto em todos os seus caminhos, o Senhor dá ainda uma chance de arrependimento aos sacerdotes. Nisso o Senhor como no princípio da profecia de Malaquias mostra o seu amor para com o povo.

Para nós, como igreja, tiramos algumas lições importantes desse castigo que o Senhor promete aos sacerdotes. Como vimos no texto anterior, o Senhor nos fez sacerdotes, todos os salvos, e o sacrifício a ser oferecido somos nós mesmos. Obviamente não vivemos a aliança de Israel, nem a aliança feita com Levi, mas os preceitos do Senhor continuam os mesmos. Precisamos oferecer sacrifícios santos ao Senhor, nossa vida entregue em seu altar todos os dias, carregando nossa cruz – isso é agradável ao Senhor. Ainda sobre nós, sacerdotes, existe o peso de sermos mensageiros do Senhor, que é ao mesmo tempo uma dádiva e uma grande responsabilidade. Dádiva pois os próprios anjos desejam anunciar a Cristo, mas esse presente foi dado a nós, exclusivamente, por Deus. E temos a responsabilidade de ensinar a verdade, para que não nos tornemos indignos e desprezíveis perante os homens.

Atualmente vemos que muitos estão caminhando para esse terrível castigo do Senhor, seus sacrifícios no altar Dele tem sido imundos, porque tem ensinado mentiras como a mensagem de Deus. É claro que o trato é diferente, o próprio julgamento será de outra forma, mas ele vem. Pois naquele grande e terrível dia muitos virão até o Senhor dizendo que profetizaram e fizeram maravilhas em Seu nome, mas serão apartados da presença Dele pois continuamente praticaram a iniquidade sem arrependimento.

Como sacerdotes do Altíssimo necessitamos purificar as nossas vestes, santificar nossos altares, se necessário nos vestirmos com pano-de-saco, jogarmos pó de cinza na cabeça, para que sejamos encontrados santos na presença do Autor e Consumador da nossa fé. Precisamos harmonizar nossos belos discursos com nossos atos. Precisamos ensinar e viver a verdade.

Graças a Deus pela sua maravilhosa graça, pela sua eterna misericórdia, pelo sangue de Cristo que nos purifica e pela justificação que nos torna dignos de entrarmos no Santo dos Santos!

quarta-feira, agosto 15, 2007

A religião de Deus e a religião dos homens




Estou em crise. Confesso a minha neurose em busca da verdadeira religião. Já não suporto a forma que vivo. Já não suporto diariamente ver valores distorcidos sendo pregados como a religião de Deus. Meus ouvidos doem quando ouço músicas que exaltam as necessidades dos homens e não a Soberania de Deus. Não consigo ficar indiferente às atrocidades cometidas em nome de Deus. Não posso mais conviver com a hipocrisia. Me entrego, não consigo mais dissimular meus sentimentos. Quando estou triste, choro. Quando estou alegre, sorrio. Quando meu irmão chora, eu choro com ele. Quando o mundo pranteia, lá estou derramando lágrimas. Quando se alegram em minha volta, faço desse o meu sorriso. Quando vejo a beleza da criação, meu coração enche-se de gozo.

Mas a religião dos homens proibe tudo isso. Ela demanda um relacionamento desumano com Deus, e ao mesmo tempo é condescendente com os hipócritas e mentirosos. A religião dos homens exalta os soberbos, eleva os altivos, congratula os eloqüentes e carismáticos, dá voz aos mentirosos. A religião dos homens é cercada de regras e leis, criadas pelos próprios homens, e isso transforma-se na religião, ela tem seus templos suntuosos, tem seus sacerdotes, tem seus músicos e seus pregadores. A religião dos homens faz sucesso porque ela promove o sucesso. Os tesouros da religião do homens são acumulados aqui mesmo na terra. Até mesmo suas atividades piedosas são apenas por princípios devassos de causa e efeito em si própria. A religião dos homens elimina Deus.

A religião de Deus é totalmente diferente. Ela dá voz aos Barnabés, que são filhos da consolação, ela exalta os humildes, condena e censura os hipócritas e mentirosos, A religião de Deus nos ensina a controlar nossa língua, pequeno instrumento que contamina todo o corpo. A religião de Deus não é feita de aparências, ela transforma o mais íntimo do ser humano. Ela não tem regras e leis por si só, mas tem a graça de Cristo, ela nos conduz ao leve e suave fardo de Jesus. A religião de Deus não é baseada em construções e organizações humanas, mas tem o Cabeça, que é Cristo, é a religião que não está restrita a um edifício, mas se alastra pelo mundo até as portas do inferno. A religião de Deus não é voltada em nenhum momento para o sucesso terreno, mas acumula tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não chegam. A religião de Deus ensina obras piedosas, onde a motivação é única e simplesmente o amor, e amor sacrificial. A religião de Deus conduz o homem de volta ao Criador.

Anseio estar, o tempo todo, re-ligado a Deus, não viver a falsa ilusão da religião dos homens.

quinta-feira, agosto 09, 2007

Eu sei, mas não devia.



Marina Colasanti


Eu sei que a gente se acostuma.

Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E porque à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã, sobressaltado porque está na hora.

A tomar café correndo porque está atrasado. A ler jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíches porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia. A gente se acostuma a abrir a janela e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números da longa duração. A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto. A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que paga. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com o que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes, a abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema, a engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às besteiras das músicas, às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À luta. À lenta morte dos rios. E se acostuma a não ouvir passarinhos, a não colher frutas do pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda satisfeito porque tem sono atrasado. A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele.

Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.



Marina Colasanti nasceu em Asmara, Etiópia, morou 11 anos na Itália e desde então vive no Brasil. Publicou vários livros de contos, crônicas, poemas e histórias infantis. Recebeu o Prêmio Jabuti com Eu sei mas não devia e também por Rota de Colisão. Dentre outros escreveu E por falar em Amor; Contos de Amor Rasgados; Aqui entre nós, Intimidade Pública, Eu Sozinha, Zooilógico, A Morada do Ser, A nova Mulher, Mulher daqui pra Frente e O leopardo é um animal delicado. Escreve, também, para revistas femininas e constantemente é convidada para cursos e palestras em todo o Brasil. É casada com o escritor e poeta Affonso Romano de Sant'Anna.

O texto acima é mais uma colaboração de Francisco Panizo Beceiro, extraído do livro "Eu sei, mas não devia", Editora Rocco - Rio de Janeiro, 1996, pág. 09.

Salmo 139



Senhor, tu me sondas, e me conheces.

Tu conheces o meu sentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento.

Esquadrinhas o meu andar, e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos.

Sem que haja uma palavra na minha língua, eis que, ó Senhor, tudo conheces.

Tu me cercaste em volta, e puseste sobre mim a tua mão.

Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim; elevado é, não o posso atingir.

Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua presença?

Se subir ao céu, tu aí estás; se fizer no Seol a minha cama, eis que tu ali estás também.

Se tomar as asas da alva, se habitar nas extremidades do mar, ainda ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá.

Se eu disser: Ocultem-me as trevas; torne-se em noite a luz que me circunda; nem ainda as trevas são escuras para ti, mas a noite resplandece como o dia; as trevas e a luz são para ti a mesma coisa.

Pois tu formaste os meus rins; entreteceste-me no ventre de minha mãe.

Eu te louvarei, porque de um modo tão admirável e maravilhoso fui formado; maravilhosas são as tuas obras, e a minha alma o sabe muito bem.

Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado, e esmeradamente tecido nas profundezas da terra.

Os teus olhos viram a minha substância ainda informe, e no teu livro foram escritos os dias, sim, todos os dias que foram ordenados para mim, quando ainda não havia nem um deles.

E quão preciosos me são, ó Deus, os teus pensamentos! Quão grande é a soma deles!

Se eu os contasse, seriam mais numerosos do que a areia; quando acordo ainda estou contigo.

Oxalá que matasses o perverso, ó Deus, e que os homens sanguinários se apartassem de mim, homens que se rebelam contra ti, e contra ti se levantam para o mal.

Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam? e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti?

Odeio-os com ódio completo; tenho-os por inimigos.

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho perverso, e guia-me pelo caminho eterno.

Estou do lado.



Estou do lado dos que defendem a verdade, e que estão dispostos a pagar qualquer preço por ela.
Estou do lado dos que não se contaminam com a própria língua, mas usam-na para verter águas cristalinas.
Estou do lado dos honestos, daqueles que mesmo num mundo caído preferem o que é correto.
Estou do lado dos sinceros, porque o mundo é cheio de hipócritas e são poucos os que vivem de forma coerente com o que falam.
Estou do lado dos arrependidos, pois estes sabem quem são, quais são os seus defeitos e sabem que precisam melhorar.
Estou do lado dos justos, que agem conforme o proceder de cada um e não são movidos por falsos testemunhos.
Estou do lado dos que jogam limpo, pois estes tem coragem de dizer o que pensam olhando nos meus olhos.
Estou do lado servos, que aprenderam seu humilde lugar e não criam estratégias pra chegar ao topo.
Estou do lado dos que se alegram, porque a sua alegria também é a minha.
Estou do lado dos que choram, porque sinto a sua tristeza.
Estou do lado dos maduros, pois já deixaram o leite de lado e procuram comportar-se de forma digna.
Estou do lado das crianças, porque a sua ingenuidade me ensina - mas não me leva a agir irresponsavelmente.
Estou do lado dos que me amam, pois estes foram os dispostos a pagar um preço pra estar comigo, não são interesseiros.
Estou do lado dos que amam, porque aprenderam a entregar-se de corpo e alma naquilo que devem fazer e possuem o olhar terno com o seu próximo.
Estou do lado dos que são de Deus, assim aprenderei a ter todas as qualdades acima e também ensinarei o que já sei delas.
Estou do lado dos doentes, porque precisam do conforto de Deus.

terça-feira, agosto 07, 2007

Como lidamos com a teologia




Calvino, Arminio, Wesley, Zwinglio, Spurgeon, Agostinho, homens claramente inspirados por Deus que desenvolveram pensamentos teológicos complexos e que hoje ainda nos ajudam a entender as Escrituras. Durante muito tempo do meu cristianismo somente a teologia desses homens me tocava profundamente, e ainda tocam - ainda bebo dessas maravilhosas águas. Porém hoje estou convencido de que, como meros seres humanos, batemos a cabeça na parede tentando entender a Bíblia e a vida com os olhos de Deus. Nos colocamos num patamar deveras alto, supostamente entendedores da ciência divina. Conseguimos chegar a conclusões sobre questões bíblicas complicadas, como se nossa mente fosse exatamente a mesma do Criador. Temos nossas linhas teologicas e acabamos por defendê-las com unhas e dentes. Calvinistas, Arminianos, Wesleyanos, Pré-milenaristas, Pós-milenaristas, dispensacionalistas... e por aí vai.

Hoje tenho aprendido a enxergar a teologia com meus olhos humanos. Não mais me coloco na posição de Deus, sinceramente, cansei de tentar explicar o inexplicável. Não mais explico porque Deus mandava matar mulheres e crianças no Antigo Testamento, nem desejo formatar a cabeça de alguém com um livre-arbítrio que é superior a Soberania de Deus, muito menos digo que Deus já predestinou toda a história da humanidade. Definitivamente não sei como Deus enxerga seu relacionamento com o homem, mas sei plenamente como deve ser meu relacionamento para com Ele - é disso que as Escrituras se encarregam de informar. Sei que sou pecador, carente da graça e misericórdia de Deus, sei que Jesus Cristo pagou por meus pecados na cruz, sei que vou para o céu.

Confesso que depois desse aprendizado a leitura bíblica até me parece mais leve. As pregações e textos fluem com mais naturalidade e meu relacionamento com Deus é mais honesto.

Aqui, publicamente, agradeço aos homens que me tem influenciado para isso: Ricardo Gondim, Caio Fábio, Philip Yancey, Ed René Kivitz e vários outros.

Colocar-me no meu humilde lugar me ajudou a ver a grandeza de Deus.

"Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis os seus caminhos! Pois, quem jamais conheceu a mente do Senhor? ou quem se fez seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém." Romanos 11:33-36

sexta-feira, agosto 03, 2007

Salmo 23



O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará.

Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome.

Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam.

Preparas-me uma mesa na presença dos meus adversários, unges-me a cabeça com óleo; o meu cálice transborda.

Bondade e misericórdia certamente me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na Casa do SENHOR para todo o sempre.

Escrevo




Já menti dizendo que escrever é um exercício devocional, embora não seja de todo mentira, também escrevo para isso. Não escrevo pensando em popularidade. Não escrevo pensando em ser escritor. Não escrevo porque suponho ter algo novo para dizer ao mundo. Não escrevo para que saibam como estou. Não escrevo simplesmente porque gosto. Não escrevo por escrever. Embora sejam elementos válidos quando escrevo.

Escrevo porque sou só. Escrevo porque muitas angústias da minha alma não se calam. Escrevo porque perco noites em claro. Escrevo porque o mundo me é incompreensível. Escrevo porque não vejo outra saída. Escrevo, enfim, para aliviar a dor. Algum poeta já disse que escrever abrandava sua loucura. Sim, escrever também abranda a minha. Escrever dá a sensação de um ouvido amigo. Escrever dá a sensação de não ser reprovado por se expor. Escrever trás liberdade.

Não tenho mais os lampejos poéticos de outrora, nem ao menos consigo fazer rimas que não soem ridículas. Os escritos tornaram-se técnicos. Porém não desejo voltar atrás em nenhuma palavra escrita, nem ao menos me arrependo delas. Todas saíram diretamente da minha alma. Não me envergonho dos escritos antigos e bobos, nem dos novos e tolos. Tudo expressa o que senti, sinto e sentirei.

Deus não me privilegiou com criatividade, nem mesmo com grande eloquência - falada e escrita - mas me deu uma grande compreensão de mundo. Ouso dizer que às vezes sinto como Ele sente. Sinto o mundo que geme à minha porta, sinto a tristeza dos aflitos e deprimidos, sinto a exclusão dos excluídos, sinto a dor da perda de alguém.

Meu coração não consegue olhar pra injustiça e não se entristecer... Também não pode presenciar a dor e permanecer apático, nem ao menos consegue olhar os acusadores sem ternura.

Quem me vê nunca imagina uma vida sofrida. Órfão de pai vivo, distante de mãe presente. Criado nos moldes religiosos opressivos e distantes de Cristo. Família humilde. Cheio de exemplos a não serem imitados. Arrastado de um lado para outro como peregrino.

Hoje só posso atribuir o que tenho e o que sou a Deus. Nada provêm de esforço próprio, nada foi herdado. Simplesmente não compreendo como Ele olhou e me escolheu.

Tento retribuir com o mínimo requerido, mas até o mínimo é doloroso. Ser tantas vezes incompreendido, ser julgado, ser menosprezado.

Não sei se deveria, mas continuo escrevendo. Terrível vício que me acompanha desde a infância. Talvez seja reflexo de uma necessidade de exilar-se, sim escrever é meu exílio.

Aprendi a lidar com as decepções. Ter decepções já não me abalam. Faço o máximo e exijo nada. Menos que nada. Posso ser desprezado e perseguido por aqueles que ajudei, isso não influencia na minha fé. Fico triste, sou humano. Mas ainda consigo orar em favor dos que me decepcionam.

Em contrapartida existem aqueles que permanecem fiéis e amigos - são poucos - mas permanecem.

Escrever é uma boa terapia para mim, não gosto de sobrecarregar os fiéis amigos com tanta ladainha.

Depois de tantas palavras, sinto-me melhor. O efeito é curto, mas talvez consiga tempo para dormir.

quinta-feira, agosto 02, 2007

Réquiem.



Ricardo Gondim.

Meu sol, envergonhado, sujeitou-se às sombras; minhas nuvens, tristes, encolheram-se no horizonte; meu dia, em posição fetal, chorou sangue.

Rasgo minhas vestes, espalho cinzas sobre minha calva e peço às carpideiras que chorem por mim. Sou molambo de sangue menstrual, um lixo infectado, mero fósforo riscado.

Tenho um lamento que sufoca o riso, um pranto que vira grito e uma angústia que estreita as paredes de meu caminho. Sou uma orquestra que só toca Réquiens, um beco úmido de tristezas, um prado esburacado pelas decepções.

Convenci-me de que a trapaça prevaleceu no jogo e eu perdi a partida. Mesmo peregrino, já abandonei todos os sonhos juvenis na beira da estrada. Fui soldado, mas perdi a baioneta e resta-me agachar na trincheira. Sonhei em ser artista, mas despedaçaram o piano que agora acende a fogueira que me devora. Vi-me profeta, mas só desejo uma caverna para me esconder.

Minha cidade cospe em meu rosto, meus conterrâneos conspiram contra mim, meus patrícios me tratam como estrangeiro. Condenei-me a ser um seixo que a vaga despreza, um garrancho estorricado da caatinga, um triste coveiro que volta para casa depois de sua labuta inglória.

Minha aldeia está deserta. Rapinaram minha casa, saquearam meu claustro, invadiram minha alcova. Tento amealhar qualquer rescaldo e só encontro tições frios. Procuro recompor o cenário de paz e me perco na bagunça que se espalhou por todos os cômodos.

Minha escrita perdeu o ritmo. Solaparam minha poesia. Meu texto parece um amontoado de tábuas no quintal da serraria. Percebo um franzir de sobrolhos por detrás de meus ombros e, tímido, escrevo platitude. Sou um Galileu Galilei sempre retrocedendo no que acredito, nervoso com a patrulha inclemente da religião.

Sou tentado como Jonas a embarcar rumo a Tarsis -perdi o medo do grande peixe. Parceiro de Davi, tenho vontade de afundar minha cama no Hades e de fazer das trevas um lençol. À semelhança de Elias, fujo sem receio de parecer covarde diante das ameaças vazias de uma rainha doida.

Caia eu em tuas mãos, ó Misericordioso Deus. Mas poupa-me do inferno que me rodeia, pois minha esperança é o Senhor.

Soli Deo Gloria.

Uma releitura de Malaquias, o profeta incompreendido pela igreja - Parte 3



Do sacerdócio

“O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou senhor, onde está o respeito para comigo? - diz o Senhor dos exércitos a vós outros, ó sacerdotes que desprezais o meu nome. Vós dizeis: Em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: Em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível. Quando trazeis animal cego para o sacrificardes, não é isso mal? E, quando trazeis o coxo ou o enfermo, não é isso mal? Ora, apresenta-o ao teu governador, acaso, terá ele agrado em ti e te será favorável? - diz o Senhor dos exércitos. Agora pois suplicai o favor de Deus, que nos conceda a sua graça; mas, com tais ofertas nas vossas mãos, aceitará ele a vossa pessoa? - diz o Senhor dos exércitos.” Malaquias 1:6-9

A profecia dada por intermédio de Malaquias à nação de Israel começa a tomar a forma de uma severa repreensão do Senhor. Como vimos no artigo anterior Deus mostra o desprezo do povo ao Seu terno amor, e agora parece começar a abrir o leque de iniquidades da nação.

Interessante notarmos como Deus começa as suas repreensões pelo “clero” dos judeus, Ele bate de frente com os sacerdotes, os que deveriam ser exemplo de devoção e dedicação ao Senhor, visto que só tinham essa tarefa no meio do povo, são os mais desleixados com as ordenanças dadas por Deus. Veremos que até a metade do capítulo 2, o Senhor ainda dedica seu tratamento aos sacerdotes, claramente contrariado por um comportamento vil e mesquinho dos seus obreiros.

As ordens de Deus com relação aos sacrifícios e ofertas foram totalmente claras, e podemos vê-las no Pentateuco, em especial Levítico, que trata minuciosamente das leis cerimoniais exigidas por Deus. Todo sacrifício deveria ser perfeito, com alimentos e animais perfeitos, sem defeito e sem mancha. Isto era requerido do povo para que através disto o Senhor os ensinasse que Ele é santo, que é puro de olhos, que não aceita uma meia aliança. Deus entra com seu infindo amor, porém espera uma contrapartida de comprometimento.

Neste momento fica claro que o problema não está no amor de Deus, como ouvia-se na boca do povo “Em que nos tem amado?”, mas sim no próprio povo, que entregou-se a um sentimento pecaminoso, desprezando o Senhor, suas leis e seus estatutos, preferindo assim viver uma vida da sua maneira e acabando assim por pagar pelo preço dos seus erros.

Embora o sacrifício vicário de Cristo, santo e definitivo, seja totalmente eficaz sobre nós, a Igreja, ainda assim Deus permanece o mesmo. Como pai deseja ser honrado por nós e como Senhor espera nosso profundo respeito e reverência. Não mais precisamos oferecer animais, porém o cristianismo vai muito além, o sacrifício deve ser nós mesmos. “Rogo-vos, pois, irmãos; pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). E não mais temos um “clero”, isto é, sacerdotes intermediando nossa relação com Deus mas “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz;” (I Pe 2:9).

É fabuloso notar nos textos de Malaquias, Paulo e Pedro que o relacionamento que Deus deseja conosco continua sendo o mesmo. Embora não sejamos a nação de Israel, somos a Igreja de Cristo, não temos sacerdotes, porém nós somos os sacerdotes, não oferecemos sacrifícios de animais, mas oferecemos nós mesmos como sacrifício vivo.

Aqui pausamos a análise desse momento da profecia para nos voltarmos ao assunto original dessa sequência de artigos, a incompreensão da Igreja de Cristo com relação ao profeta Malaquias e as profecias de Deus. Observemos que embora a palavra tenha sido dirigida ao povo de Israel, podemos contextualizá-la com a Igreja, não de qualquer forma, mas embasando os argumentos na relação de verdades bíblicas contidas nos textos do Novo Testamento. Seguidamente as igrejas evangélicas tem experimentado fórmulas bíblicas miraculosas baseando-se única e exclusivamente em promessas e palavras de Deus que originalmente foram direcionadas à nação de Israel. Com isso criamos frustração e jugo sobre as pessoas que acabam seguindo essas interpretações errôneas e deturpadas das Escrituras. Há necessidade de que os líderes cristãos estudem mais a bíblia, desliguem-se de tradições humanas e procurem através do Espírito Santo enxergar a Palavra de Deus para Sua Igreja.

Voltando à nossa análise, e aplicando a repreensão do Senhor à nossa condição de ramo enxertado, vemos que como sacerdotes não podemos nos portar de qualquer maneira perante Ele, e por muitas vezes confundimos isso com estar nos edifícios que chamamos de igreja, confundimos em desempenhar um papel em determinado ministério, ou mesmo confundimos com ordenanças de homens. Assim como Jesus disse que o adultério não consiste no ato sexual em si, mas na concepção mental de tal pecado – uma clara extensão da lei – também nós, sacerdotes de Deus, não podemos viver uma vida devassa, desprezando o Espírito Santo que vivem em nós, agindo feito meninos na Sua presença, mas considerando que o sacrifício que o Senhor exige é contínuo, que a nossa vida deve ser um eterno culto ao Criador, devemos ser impelidos a aproximarmos nossa imagem à de Seu filho, devemos buscar sermos santos como Ele é santo. Do contrário estaremos como os sacerdotes de Israel, por nossos atos mostramos que a mesa do Senhor é imunda e desprezível, cogitando em nossa mente que por que temos a graça Dele podemos torná-lo co-participante de nossas más obras, e por vezes mostrando que o povo que não é igreja tem mais respeito por Deus do que nós.

Até quando ofereceremos nossas vidas como um sacrifício imundo perante Deus? Até quando não o respeitaremos como nossa Pai e Senhor? Precisaremos que Ele mostre o qual terrível é entre todas as nações? Continuaremos oferecendo sacrifícios melhores aos nossos superiores do que a Deus?

Que nosso Pai e Senhor nos corrija para que escapemos da condenação!

terça-feira, julho 31, 2007

A honestidade de Pedro e a falsidade da igreja



“Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes outros? Ele respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Ele lhe disse: Apascenta os meus cordeiros. Tornou a perguntar-lhe pela segunda vez: Simão, filho de João, tu me amas? Ele lhe respondeu: Sim, Senhor, tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Pastoreia as minhas ovelhas. Pela terceira vez Jesus lhe perguntou: Simão, filho de João, tu me amas? Pedro entristeceu-se por ele lhe ter dito, pela terceira vez: Tu me amas? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te amo. Jesus lhe disse: Apascenta as minhas ovelhas.” João 21:15-17

As duas primeiras interrogações de Jesus, no grego, referem o amor a palavra agapao, que é o amor sacrificial exigido por Ele para um verdadeiro relacionamento, o amor que Deus demonstrou ao mundo enviando seu único filho, porém Pedro responde com a palavra grega phileo, que significa simplificadamente gostar de estar junto, apreciar, e pela última vez Jesus pergunta se Pedro apenas gosta de estar junto Dele, no que Pedro responde afirmativamente entristecendo-se e reconhecendo sua atual condição. Esse momento ocorre após a ressurreição de Cristo, e poucos dias antes o mesmo Pedro havia negado Jesus três vezes.

Nestes últimos dias essa pergunta tem ecoado forte em minha mente: “Tu me amas?” e até me pego em momentos falando estas palavras audivelmente. No tocante a essa passagem das Escrituras sou levado a pensar em algumas coisas, tanto da minha vida como da igreja como um todo. Pedro não teve coragem de explodir seu coração em hipocrisia e falar que “agapao” o Senhor, nem cantou uma canção bonita, muito menos fingiu estar bem quando seu estado de espírito estava abalado. Pedro reconhece seu pecado, reconhece sua incapacidade de amar a Jesus como Ele almeja, mas é o próprio Cristo que mostra o “caminho das pedras”. Se é que posso definir o grande ponto desse texto são as respostas de Jesus a sua própria pergunta: “Apascenta as minhas ovelhas”. Pedro entende o recado e alguns dias após recebe o Espírito Santo e, de fato, apascenta as ovelhas do Senhor, a ponto de dar sua vida por elas e por Cristo.

Cheguei num ponto em minha vida que já não suporto declarações hipócritas, minhas e da igreja, não consigo repetir mantras de “Eu te amo”, “Estou apaixonado por Ti”, “Vivo só pra Ti”, “És o amado da minh'alma”, Jesus nunca exigiu isso de Pedro, Ele não esperava uma resposta eloquente de Pedro, não esperava um romper de lágrimas e emoções, mas tão somente “Apascenta as minhas ovelhas”, Jesus esperava atitudes e ações dignas de quem o ama! Porém hoje somos a igreja das declarações e canções bonitas, porém da falta de atitude. Somos falsos quando declaramos tantas coisas a Deus e não vivemos nem 1% delas. Hoje as ovelhas do Senhor estão entregues a sua própria sorte, “porque tive fome, e não me destes de comer; tive sede, e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me.” (Mt 25:42-43) e “se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.” (I Jo 4:20).

Até quando me permitirei nutrir minha alma com esse falso cristianismo? Até quando deixarei de ser Igreja de Cristo? Até quando serei assim? Até quando seremos assim?

Considero participar de ministérios, dar aulas, pregar e todo evangelismo por obrigação como esterco porque quero alcançar a Cristo e cumprir os seus mandamentos.

Senhor, Tu sabes que eu gosto de Ti, mas como Pedro sou sincero agora, não consigo amar sacrificialmente, estou preso a minha vidinha medíocre, enredado por trabalho, família, emocionalismos e toda distração, confesso que sou pecador e carente da Tua misericórdia. Sei que o caminho a trilhar é o de pastorear as Tuas ovelhas, portanto, meu Pai, me ajuda porque em mim não habita bem algum, mas tudo é concedido pela Tua graça e misericórdia. Sonda a minha vida, sonda a vida da tua igreja. Corrige meus e nossos erros. Corrige toda hipocrisia e mentira. Corrige todo desvio de comportamento. Que para nós baste conseguirmos ser imitadores de Cristo, que a salvação e vida eterna sejam suficientes para nossas almas, que nos desprendamos do mundo e do que há no mundo. Desejo que todos morramos, que estejamos crucificados com Cristo para assim alcançar a vida eterna. Em nome de Jesus. Amém!

Uma releitura de Malaquias, o profeta incompreendido pela Igreja - Parte 2



Do amor de Deus

“Eu vos tenho amado, diz o SENHOR; mas vós dizeis: Em que nos tens amado? Não foi Esaú irmão de Jacó? —disse o SENHOR; todavia, amei a Jacó, porém aborreci a Esaú; e fiz dos seus montes uma assolação e dei a sua herança aos chacais do deserto. Se Edom diz: Fomos destruídos, porém tornaremos a edificar as ruínas, então, diz o SENHOR dos Exércitos: Eles edificarão, mas eu destruirei; e Edom será chamado Terra-De-Perversidade e Povo-Contra-Quem-O-SENHOR-Está-Irado-Para-Sempre. Os vossos olhos o verão, e vós direis: Grande é o SENHOR também fora dos limites de Israel.” Malaquias 1:2-5

Durante toda a história de Israel, e da humanidade, Deus quer mostrar uma coisa: Ele nos ama. E como um Pai amoroso Deus tanto quer mostrar que provê todas as necessidades do Seu povo, que deve confiar plenamente Nele, quanto mostrar que corrige todo desvio comportamental de Seus filhos.

Vemos que o amor de Deus não é uma moeda de troca, pois conforme o texto Ele simplesmente amou Jacó, a tal ponto de abençoá-lo sobremaneira, dando uma descendência como a areia do mar, e exigindo apenas o comprometimento deste povo.

Porém era um povo de dura cerviz, capazes de depois de tantas maravilhas e tanto cuidado exercido de Deus para com eles perguntarem “Em que nos tem amado?”. Não quero neste ponto transformar Deus em humano, nem atribuir sentimentos humanos a Ele, mas por sermos feitos imagem e semelhança Dele imagino que como Pai amoroso Ele deve ter sofrido. Depois de tanto cuidado e zêlo, tantas revelações miraculosas, tantos prodígios, tantas profecias, tanto amor, receber essa pergunta em troca parece como a traição do próprio Judas.

Porque temos tanta dificuldade em enxergar o amor e cuidado de Deus em nossas vidas? Sabemos apenas exigir e exigir, como crianças mimadas, as bençãos Dele, mas somos incapazes de retribuir seu amor. E o que é retribuir o amor de Deus? Cumprir os seus santos mandamentos. Assim como o povo de Israel recebeu a Lei e deveria cumpri-la por amor, assim nós devemos cumprir a Lei a nós destinada. Não Lei de tábuas de pedra, mas a Lei que Ele mesmo põe em nossos corações. Somos capazes de criar leis que não são de Deus para nós e para a Igreja, mas incapazes de amar o nosso próximo como a nós mesmos.

Infelizmente usamos até a própria profecia de Malaquias para isso, interpretando-a erroneamente, criando jugo desnecessário e deixando de lado a vontade de Deus.

Precisamos parar de perguntar “No que nos tens amado.” e começar a enxergá-Lo em toda nossa vida, em todo cuidado e providência, em toda correção, em toda angústia ou tribulação, na natureza, na vida, nos nossos irmãos.

Ele nos tem amado em tudo, nós é que não correspondemos.

segunda-feira, julho 30, 2007

Uma oração



"Como são doces para o meu paladar as tuas palavras! Mais que o mel para a minha boca! Ganho entendimento por meio dos teus preceitos; por isso odeio todo caminho de falsidade. A tua palavra é lâmpada que ilumina meus passos e luz que clareia o meu caminho." Salmo 119:103-105

Senhor, sabes que odeio todo caminho de falsidade e mentira, sabes ainda que tenho procurando manter-me íntegro perante a Tua presença e perante os meus irmãos. Sabes que procuro amar-te não por palavras, mas apascentando o TEU rebanho. Portanto, Pai, abençoa aqueles que me maldizem e mentem a meu respeito, cuida de suas vidas e não lhe impute pecado algum, pois creio que nem sabem o que fazem - Tu sabes o quanto para mim é difícil pedir isso, mas sou impelido pelo teu exemplo. Corrige-me nos meus erros, que a tua vara de correção recaia sobre mim quando peco contra ti e contra meus irmãos, pois sei que o Senhor corrige a todos quanto ama. Não espero que me livre das provações, mas que conforte meu coração, que a tua alegria, de fato, seja a minha força. Em nome de Jesus, o Cristo de Deus, Amém.

quarta-feira, julho 25, 2007

Uma releitura de Malaquias, o profeta incompreendido pela Igreja - Parte 1



"A palavra do Senhor a Israel, por intermédio de Malaquias." Malaquias 1:1

Malaquias, sem sombra de dúvidas, é um dos profetas mais citados por todas as igrejas evangélicas, alguns jocosamente dizem que São Malaquias é o santo dos pastores, devido às cobranças que estes fazem sobre o povo referente às advertências do profeta sobre a negligência do povo de Israel com relação aos dízimos e ofertas.

Infelizmente acabamos por achar que Malaquias profetizou apenas sobre dízimos e ofertas, e desconsiderando todo o contexto do seu livro e todo o contexto da história do povo de Israel tentamos aplicar estas profecias diretamente na Igreja de Cristo, porém, como veremos, existe uma riqueza e profundidade em seus escritos que reduzi-los a esse assunto é simplesmente deturpar a Palavra de Deus, que não consiste em apenas alguns versículos, mas é a Bíblia em sua integralidade.

Nossa análise começa no capítulo 1, versículo 1, e nesse artigo ficaremos apenas nesse verso.

"A palavra do Senhor" - Notamos aqui que existe a preocupação de mostrar que todo o conteúdo do livro é "a palavra" do Senhor, isto é, não são algumas palavras do Senhor e outras do profeta, ou que são recomendações do profeta, mas que a totalidade da revelação profética vem do Senhor, que tudo aquilo que o profeta descreve são ordens expressas do próprio Deus para o bem do povo de Israel, sabemos que por toda a história houveram os falsos profetas, que profetizando mentiras enganaram por muitas vezes povos e reis, inclusive de Israel e Judá, mas Malaquias tem consciência de que esta Palavra que o Senhor lhe confiou é digna de aceitação e que deve ser obedecida imediatamente pelo povo, antes que o Senhor julgue seus pecados.

Prosseguindo no versículo vemos que a Palavra do Senhor tem endereço, e este é Israel. Podemos nos perguntar qual é a importância disso, qual a relevância, afinal é notório para todos que foi uma profecia para a nação de Israel. Porém, na prática, o que vemos hoje é uma total ignorância de líderes religiosos, que teimam em pegar profecias e textos da Velha Aliança, direcionadas ao povo de Israel e aplicá-las na Igreja de Cristo, ipsis litteris. Porque isso acontece? Enxergo apenas duas possibilidades: 1) Ou são totalmente ignorantes no que concerte à interpretação das Escrituras, 2) Ou são mal-intencionados e usam os textos bíblicos à seu bel prazer. Entre as duas muda-se apenas a motivação, mas permanece o erro, permanece o dano causado às pessoas por um ensino errado.

O que faremos então? Devemos ignorar o Velho Testamento? Ele não nos serve pra nada? É claro que não! Como disse no começo a bíblia é a Palavra de Deus revelada na sua integralidade, desde Gênesis ao Apocalipse. O erro consiste em interpretar e aplicar os textos de forma errada, desconsiderar seu contexto, desconsiderar que somos gentilicos e Igreja, não Israelitas, desconsiderar que vivemos a dispensação da Graça, enfim, desconsiderar o sacrifício de Cristo. Veremos que embora não estejamos presos aos preceitos da Lei, como o povo de Israel estava, somos conclamados pelo Senhor a seguir seus princípios, que são imutáveis. Temos uma outra lei que opera em nós, a lei do amor, do Espírito e da Vida, esta lei não está em tábuas de pedra, mas está gravada em nossos corações.

Por fim, o versículo nos diz que essa revelação da Palavra do Senhor foi feita por intermédio de Malaquias, e aqui vemos a humildade do profeta, que não usurpa a autoridade de Deus para si próprio, muito pelo contrário, reconhece que a profecia vem do Autor e Criador de toda existência, reconhece que é apenas um mero instrumento nas mãos do Deus Altíssimo e submete-se à sua vontade, falando Sua palavra.

Que possamos, como Malaquias, ter humildade para receber a Palavra do Senhor e ousadia para anunciá-la, lembrando sempre que somos instrumentos de Sua vontade, não senhores e donos da verdade. Que o Espírito Santo nos auxilie na nossa interpretação da Palavra, que nem mesmo por ignorância sobrecarreguemos nossos irmãos com jugo desnecessário. Que sejamos fiéis ao Criador e sua santa doutrina.

domingo, julho 22, 2007

O evangelho desumano e o cristianismo das aparências




“Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados, porque tudo isso tem sido sombra das coisas que haviam de vir; porém o corpo é de Cristo. Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando humildade e culto de anjos, baseando-se em visões, enfatuado, sem motivo algum, na sua mente carnal, e não retendo a cabeça, da qual todo o corpo, suprido e bem vinculado por suas juntas e ligamentos, cresce o crescimento que procede de Deus.” Colossenses 2:16-19


Paulo, o apóstolo dos gentios, judeu, cidadão romano, ex-fariseu, ex-perseguidor da Igreja, teria todos os motivos para ser um guardião da lei e seus preceitos, chamado e escolhido por Cristo sobrenaturalmente, agraciado com visões inefáveis, coberto de autoridade a ponto de repreender o apóstolo Pedro, sim, é neste Paulo que Deus coloca um espinho na carne, para que não se achasse superior aos demais e para revelar que o Seu poder se aperfeiçoa na fraqueza do homem.

Hoje vemos muitos que por muito menos já acham-se em posição superior aos irmãos a ponto de inventar regras e doutrinas humanas para satisfazer seu egocentrismo, dizem-se com tamanho relacionamento com Deus que este lhes entrega visões particulares, modelos maravilhosos, conhecimento nunca dantes alcançado.

Pensamos que nossas igrejas supostamente pregam a verdade, mas a verdade é que estamos longe da Verdade. Criamos leis e cerimonialismos sem fim, usamos os textos bíblicos a nossa própria vontade e interpretação, encaixamos esses textos em pensamentos contrários aos de Deus e ainda atribuímos isso a Ele. Nossas orações revelam uma espiritualidade fraca, são tão automáticas e vazias que são facilmente repetidas por toda a congregação, nossas músicas mostram nossa pobreza em todos os sentidos, pobreza teológica, pobreza rítmica, pobreza espiritual, pobreza da alma. Parece que ninguém é mais capaz de criar nada novo, vivemos das inspirações norte-americanas, ou de nossos conterrâneos que já se desvirtuaram do evangelho de Cristo. Nossas pregações são nutridas pelo humanismo e pela auto-ajuda. Ninguém mais quer reconhecer sua fraqueza diante de Deus, ninguém mais quer depender Dele, ninguém mais quer esperar. Os pastores precisam encher as igrejas, precisam agradar o povo e supostamente devem dar um “alimento” todo domingo. A verdade é que desde os líderes até as humildes ovelhas o compromisso com Deus é vago. Não oramos, não jejuamos, não lemos e meditamos na bíblia como deveríamos. Somos clones de religiosos e com isso carregamos o peso da vã religião.

No afoito de mostrar a presença de Deus criamos os maiores absurdos, forjamos os super-crentes, aqueles que entram na igreja sorrindo, que levantam as mãos no louvor, que soltam a voz a plenos pulmões, que se emociona, que sente-se alimentado por pregações vazias. No seu íntimo ele sabe que vive atrás de uma máscara, que sua vida é miserável e faltosa da graça de Deus, que precisa de ajuda, do Pai e dos seus irmãos na fé, mas demonstrar isso na igreja é sinal de fraqueza, sendo assim ele continua disfarçando por quanto tempo conseguir.

Perdemos o senso da humanidade das pessoas, desvalorizamos seus sentimentos, pisamos na sua pequena fé, exigimos o cristianismo de aparências. Não toque, não coma, não beba, não ouça, faça isso, faça aquilo, participe deste ministério, participe daquele outro. Nos sentimos aprisionados num cárcere que é a igreja. Perdemos a nossa liberdade cristã, perdemos o amor dos irmãos, e alguns chegam ao ponto de perder a fé.

A solução para tudo isso é tão simples, mas penosa para ser executada. É necessário abnegação, compromisso, amor a Deus e amor ao próximo. É como Paulo escreve na carta aos colossenses, retendo a cabeça, que é Cristo, cresceremos o crescimento que vem de Deus. Não o crescimento pregado por métodos e modelos, por músicas, por pregações, mas do próprio Cristo nos ensinando, o próprio Caminho, Verdade e Vida atuando em nossas vidas, através do Espírito Santo, poderoso, santo e imaculado, que com gemidos inexprimíveis leva nos necessidades ao Pai, nos convence da nossa miserabilidade e da grandeza de Deus.

Quero uma carreira cristã longe dos modismos, regras e leis evangélicas, distante do disfarce de cristão, longe da desumanidade. Quero falar e cantar aquilo que sinto, expressar aquilo que penso, adorar a Deus como Ele quer que eu adore – e não como querem que eu o faça – quero viver a graça, quero sentir a misericórdia, quero provar do amor do Pai. Quero mostrar que também sou humano aos irmãos, mas quero ter ousadia para dizer que sejam meus imitadores como eu sou de Cristo. Quero viver uma vida santa, mas santa segundo Deus não segundo os homens. Quero servir, não ser servido, quero me humilhar e não me exaltar.

Sei que a porta é estreita e o caminho apertado que conduz a salvação, mas creio que a graça e misericórdia de Deus são suficientes para conduzir a mim e a sua Igreja por ela. Precisamos que Ele mesmo nos aumente a fé.

quarta-feira, julho 18, 2007

Perfeição



Letra: Renato Russo
Música: Dado Villa Lobos/Renato Russo/Marcelo Bonfá
Inc. "O Bêbado e a Equilibrista" (A. Blanc/J. Bosco)

1

Vamos celebrar a estupidez humana
A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladroes

Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar o nosso governo
E nosso estado que não é nação

Celebrar a juventude sem escolas
As crianças mortas
Celebrar nossa desunião

Vamos celebrar Eros e Thanatus
Perséphone e Hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade

2

Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
E os mortos por falta de hospitais

Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
E o voto dos analfabetos

Comemorar a água podre
Todos os impostos, queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo e nosso pequeno universo

Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo o roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias
É a festa da torcida campeã


3

Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar

Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos

Tudo o que é gratuito e feio
Tudo o que é normal

Vamos cantar juntos o hino nacional
(A lágrima é verdadeira)
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão


4

Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer a nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada

Vamos celebrar a aberração
De toda nossa falta de bom senso

Nosso descaso por educação

Vamos celebrar o horror de tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já aqui também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou essa canção


5

Venha, meu coração está com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão

Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça
Venha, que o que vem é perfeição

terça-feira, julho 17, 2007

Quando desprezamos a vontade de Deus somos entregues ao nosso próprio engano



"Então disse o rei de Israel a Jeosafá: Ainda há um homem por quem podemos consultar ao Senhor - Micaías, filho de Inlá; porém eu o odeio, porque nunca profetiza o bem a meu respeito, mas somente o mal. Ao que disse Jeosafá: Não fale o rei assim." I Reis 22:8

O cenário é a necessidade do rei de Judá de retomar a terra de Ramote-Gileade dos Sírios, e para tanto é proposta uma aliança ao rei de Israel, este ajunta 400 profetas e todos à uma declaram que o Senhor dará vitória, Porém Josafá, rei de Judá, percebe que esses profetas não valem nada e pede a palavra de outro profeta de Israel no que Acabe a contra-gosto manda chamar Micaías, que segundo ele nunca profetiza nada de bom a seu respeito.

Quando Micaías chega a sua palavra é favorável ao rei, e apesar disso Acabe insiste para que Micaías fale toda a verdade, talvez apenas para provar sua teoria de que Micaías só faz aborrecer-lhe, e assim o profeta diz "Vi todo o Israel disperso pelos montes, como ovelhas que não têm pastor; e disse o Senhor: Estes não têm senhor; torne cada um em paz para sua casa.", com isso fica enfurecido Acabe, mas Micaías prossegue "Ouve, pois, a palavra do Senhor! Vi o Senhor assentado no seu trono, e todo o exército celestial em pé junto a ele, à sua direita e à sua esquerda. E o Senhor perguntou: Quem induzirá Acabe a subir, para que caia em Ramote-Gileade? E um respondia de um modo, e outro de outro. Então saiu um espírito, apresentou-se diante do Senhor, e disse: Eu o induzirei. E o Senhor lhe perguntou: De que modo? Respondeu ele: Eu sairei, e serei um espírito mentiroso na boca de todos os seus profetas. Ao que disse o Senhor: Tu o induzirás, e prevalecerás; sai, e faze assim.". A fúria de Acabe é tão grande que ele manda que o profeta seja preso até que ele volte furioso - o que não aconteceria. Acabe morre em batalha e a profecia cumpre-se.

Quantas e quantas vezes procuramos a Deus com a nossa própria vontade em punhos, totalmente indispostos para ouvir a verdade. Como o rei Acabe ficamos aborrecidos quando Deus quer nos falar coisas desagradáveis e assim procuramos qualquer ou qualquer um que nos diga boas palavras. Cercamo-nos de profetas e, segundo a nova moda, ministros de louvor que só fazem falar coisas boas e bonitas, que não tem compromisso em pregar a palavra, apenas em inflar nosso ego e satisfazer o nosso prazer. Ainda nós mesmos, quantas vezes teimamos em nos enganar, usando textos bíblicos de acordo com nossa vã interpretação, orando para "mudar" a vontade de Deus ao invés de Ele nos mudar. Corremos atrás de qualquer show da fé e sessão de descarrego porque como Acabe não queremos ouvir a verdadeira Palavra de Deus, queremos apenas ouvir a nossa própria vontade.

Em contrapartida Deus permite nosso engano, e, pasmem, Ele mesmo promove um espírito a sair e enganar aquele que está predisposto a isso. Para estes Deus tem reservada a ruína e o cálice da sua ira, visto que tem comichão nos ouvidos e afastam-se da verdade em favor da mentira.

Que o Senhor tenha misericórdia de nós, que possamos aprender a nos submeter a sua santa vontade, mesmo quando essa é totalmente oposta a nossa. Que ouçamos a verdadeira voz do Pai e que Ele nos poupe dos espíritos que pregam enganos.

segunda-feira, julho 16, 2007

Os subterfúgios da igreja descompromissada




Onde será o próximo congresso? E acampamento? Ainda há vaga pra ir naquele show? Venha pro Encontro, é uma benção! Anunciamos que daqui 2 meses teremos o tão esperando encontro de casais, faça sua inscrição!

São frases extremamente comuns em nossas comunidades. Vivemos, inspiramos e transpiramos mega-eventos, são tantas as atividades que ficamos até sufocados. Todos querem ir no show da melhor banda gospel de todos os tempos da última semana. Organizamos retiros espirituais visando resolver todos os problemas das pessoas da igreja, almejamos que a transformação das vidas seja tão mais rápida quanto ir a um fast-food. Segmentamos a igreja em terceira idade, casais, jovens, adolescentes, pré-adolescentes, crianças, como se vivessemos cada um na sua idade isoladamente e como se um não tivesse o que adicionar ou aprender com a vida do outro.

Qual a causa desse frenesi todo? Seriam os novos métodos de Deus revelados para os líderes de nosso tempo? Ou é uma visão dada por Deus e que deve ser seguida por todos? Talvez novas formas descobertas pela pedagogia para aprimorar o ensino? Não. Vivemos pura e simplismente a época onde a igreja é totalmente descompromissada com a forma primitiva de cristianismo: o discipulado. O modelo de Jesus e dos apóstolos era puro e simples, fazer discípulos, conviver com eles, ensiná-los aos seus pés. Então se é o modelo bíblico, porque inventamos tanta novidade para substitui-lo? Porque o discipulado exige compromisso de cada um com seu próximo, compromisso de preocupar-se com todos os aspectos de sua vida, compromisso de abrir a porta de sua casa e assim, a sua vida, para que os novos na fé possam ser ensinados aos seus pés, e além de tudo exige uma vida cristã legítima, longe do cristianismo de aparências dos séculos XX e XXI, aquilo que se prega fora será observado dentro de sua própria casa por um "elemento estranho".

Infelizmente são poucos aqueles dispostos a discipular, a prover o genuíno leite espiritual do Senhor, são poucos os que tem coragem de expor a sua vida, são poucos os que realmente amam ao próximo como a si mesmo, e se não amam ao próximo, como ousam dizer que amam a Deus?

Daí surgem essas fórmulas mirabolantes, tentando suprir a falta da igreja em ser... igreja. A igreja anseia em ser templo, em ser música, em ser serviço social, ansei em ser grande... mas não anseia ser igreja. Despreza o conceito de comunidade, despreza a herança apostólica, despreza as palavras do Bom Mestre.

Quando acordaremos para as verdades essenciais do Reino de Deus?

Talvez daqui a pouco seja tarde, e o próprio Senhor separá os bodes das ovelhas.

domingo, julho 15, 2007

Meu chamado



Antes mesmo de converter-me eu já sabia que Deus me chamara para o pastorado, sim, serei um pastor. Essa certeza cresceu com o passar dos anos, mas a visão sobre como isso se dará mudou drasticamente, esse texto é quase que uma declaração de compromisso com relação ao chamado divino para o desenvolvimento dessa função no Corpo de Cristo.

Fui chamado para ser pastor, não conferencista, nem exímio pregador da palavra, não almejo arrebatar multidões com belas e inefáveis coisas.
Fui chamado para ser pastor, isto é, cuidar do rebanho, visitar os irmãos em suas casas, gastar tempo ligando e conversando com eles, desenvolver relacionamentos sólidos em amor.
Fui chamado para ser pastor, não para ser funcionário de uma denominação, visto que tenho o exemplo de Paulo, homem cheio do Espírito Santo e dotado de maravilhosos dons, não julgava-se superior a ninguem, trabalhava para não ser pesado aos irmãos, a carreira que cumpriu na fé não era uma mera carreira eclesiástica - isso é o que almejo.
Fui chamado para ser pastor, não um administrador de imóveis, nem administrador de uma organização, não me gastarei em contas intermináveis de coisas materiais, nem com a distribuição das cestas básicas, mas me cercarei de homens cheios do Espírito Santo, para que assim eu possa me dedicar a oração, à Palavra e à comunhão.
Fui chamado para ser pastor, não alguém que almeja agradar a todo mundo, não - não sou nada político, as Palavras de Cristo são loucura para o mundo, condenam o pecador, redimem o fraco, eleva aos humildes, é extremamente cortante e eficaz, agrade-se quem se agradar, rejeite-a quem a rejeitar, estou aqui para meramente anunciá-la.
Fui chamado para ser pastor, não para ser porta de entrada para a morte na panela no centro da igreja de Cristo, as heresias, as mentiras, os pensamentos positivistas, os evangelicalismos, os comunidadismos, os sincretismos e todo tipo de mentira devem - e serão - combatidos por mim como quando Davi enfrenta ursos e leões para defender o rebanho.
Fui chamado para ser pastor, não um santo milagreiro, nem o interecessor entre o pecador e Deus, mas sim para instruir que cada membro do corpo tem seu dom, que todos são sacerdotes na Nova Aliança, que todos foram chamados para ser sal e luz do mundo.
Fui chamado para ser pastor, não popstar de um grupo musical, mas para mostrar que a música tem seu lugar dentro do culto a Deus, lugar este que não é melhor, nem aproxima ninguem mais de Deus do que qualquer outra coisa feita para Ele.
Fui chamado para ser pastor, não para ser chamado de "pastor", pastorerar não é exibir um título, é uma mera função dentro do corpo, sou e continuarei sendo o Matheus, e pela misericórdia de Deus, pastor das ovelhas Dele.
Enfim, fui chamado para ser pastor, o menor dos menores no Reino de Deus, simplesmente um servo, que deve estar pronto pra servir, e assim tenho me colocado desde quando me converti, cansado ou não, atarefado ou não, em funções que gosto ou não, em tarefas inexpressivas ou não, sou servo, e Deus me permita que não da boca pra fora, pois hoje é o tempo de muitos pastores dizerem-se servos mas incapazes de servir.

Amo meu chamado, porque Deus me chamou. Mesmo que perante tudo que Ele tem me dado - salvação, justificação, santificação, vida eterna, Espírito Santo - seja quase nada, sinto-me minimamente pagando a dívida que tinha e que Cristo pagou na cruz.

Deus me ouça e me ajude a manter-me firme nesses ideais.
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